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Archive for setembro \21\-03:00 2023

Por Leda Maria Flaborea

O tesouro encontrado e a pérola descoberta representam o ápice do esforço de transformação no bem.

No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, encontramos seis parábolas que fazem referência de forma direta ao Reino de Deus. São elas: do joio e do trigo, do grão de mostarda, do fermento, da rede, do tesouro escondido e da pérola oculta ou de grande valor.

No entendimento espírita o Reino dos Céus ou o Reino de Deus, como também é nomeado, indica um estado de alma, um sentimento de plenitude que não é um lugar circunscrito no plano físico ou no plano espiritual.

Nas parábolas, alvo dos nossos comentários, Jesus enfatiza essa felicidade, essa ventura de quem encontra tais riquezas representadas pela pérola e pelo tesouro. E do ponto de vista Dele isso é tão grandioso e tão pleno que leva o homem que os encontra a dispor de todos os bens que possua. Em ambas, encontramos o predomínio da transformação espiritual pela aquisição de virtudes. Trata-se de um momento decisivo na vida de cada um de nós, porque estaremos tratando da modificação íntima, definitiva, no bem, ou a conquista do Reino de Deus.

Trata-se da descoberta da nossa consciência espiritual, da nossa ligação com Deus e das nossas capacidades para vencermos os obstáculos que surgem ao nosso progresso. O tesouro encontrado e a pérola descoberta representam o ápice do esforço de transformação no bem. E o local onde foram encontrados indica o plano onde desenvolveremos as experiências necessárias para esse crescimento, ou seja, a existência física ou os diferentes planos espirituais. Por isso ambos são comparados, por Jesus, ao Reino dos Céus. Mas, para adquirir o Reino dos Céus o homem precisa se desfazer do Reino do Mundo. Afirma Jesus que o Reino não vem com aparência exterior. (…) “A realização divina começará no íntimo das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno”.[1]

Qual o significado, nas parábolas, da expressão vender o que se tem e comprar o campo ou a pérola? Significa a mudança do homem material para o homem espiritual – o apóstolo Paulo de Tarso refere-se a isso como do homem velho para o homem novo. É o desfazer-se dos bens materiais, no sentido de não se dar prioridade a eles, pelos bens espirituais, lembrando que para esse homem materializado, seu tesouro e sua pérola são os bens materiais que conquistou ou que deseja conquistar.

Cairbar Schutel[2] coloca questões interessantes em relação a isso, que precisam ser observadas. Pergunta ele: por que o homem trabalha na Terra? Para que estuda? Por que luta a ponto de matar seus semelhantes? Responde ele: “para possuir tesouros”!  E por essa razão o Mestre foi enfático ao afirmar que o tesouro imperecível é aquele que a ferrugem e a traça não corroem e os ladrões não roubam. Quando o homem terreno morre nada leva consigo; mas, o homem espiritual carrega tudo que conquistou.

O homem materializado não compreende a Doutrina do Cristo, como não aceita abandonar o que conquistou pela aquisição de algo invisível, impalpável… Ele vive para o reino do mundo e não tem interesse, por ora, no Reino dos Céus. Não compreende que aquele desaparece com a morte física e este permanece com quem o possui.

Para Huberto Rohden[3], quando o homem descobre o Reino dos Céus, não se interessa mais pelos reinos da Terra. Assim como a pérola que só revela seu esplendor quando exposta ao sol, a conquista da felicidade plena só é revelada na luz da vida diária. É interessante lembrar o ensinamento de Jesus que nos convida a não conservarmos a luz sob o alqueire, mas colocá-la sobre o velador, iluminando caminhos, dando direções…

O que tudo isso quer dizer?! Quer dizer que o homem, no nível evolutivo em que se encontra presentemente, precisa sair da superfície do ego (ser material) e mergulhar na misteriosa região do Eu Divino (ser espiritual). Essa passagem será, na maioria das vezes, dolorosa, mas o resultado só acontecerá quando e se realizar o autoconhecimento. Antes de atingir a qualidade do seu Ser, corre o homem atrás da quantidade do ter ou dos teres. Mas, depois de descobrir o seu Ser qualitativo, torna-se indiferente aos seus teres quantitativos. E quando as circunstâncias o obrigam a possuir certos objetos externos, possui-os com estranha leveza e serenidade. Não se fanatiza por eles, nem jamais é possuído por aquilo que possui. Todos os caminhos estritos e todas as portas apertadas desaparecem em face do jugo suave e do peso leve de uma felicidade sem limites.

Para o estimado benfeitor espiritual Emmanuel[4] “tesouros são talentos que trazemos, independentemente da fortuna terrestre, a fim de ajudarmos aos outros, valorizando a si mesmo.”  Diz ele que cada um de nós, em nossas atividades, mostramos esse tesouro. Por exemplo: um homem e uma mulher tem no amor o tesouro que constrói o santuário do lar; o professor amontoa tesouros da cultura e inteligência para transmitir a quem quer aprender; o escritor respeitável estabelece tesouros no livro nobre que leva consolação e assegura o progresso. Assim também com o compositor que cria um tesouro na melodia que compõem e encanta quem ouve…

Continua dizendo que é preciso saber o que produzimos, a fim de sabermos para onde nos dirigimos. Fica claro, agora, para nós, o porquê da afirmação de Jesus ao dizer: “onde guardardes o vosso tesouro, tereis retido o coração”.

Por essa razão, entendemos que para a redenção das criaturas, de todos nós, está na transformação dos sentimentos. Quando são dirigidos para o bem, são bênçãos para a obra de Deus. Mas, quando se voltam para o mal, impedem a concretização dos propósitos divinos, principalmente para nós próprios. Torna-se cada vez mais urgente trabalharmos essa ferrugem, porque Jesus nos espera para nos mostrar os tesouros imperecíveis.

Todos nós temos ouvido ou lido sobre a necessidade de transformação das nossas predisposições íntimas. Mas, como proceder?! O conhecimento de si, já o dissemos, é a chave do processo espiritual. É fundamental o autoconhecimento para sabermos: quem sou eu? Qual é a minha obrigação para comigo e para com a sociedade na qual trabalho?

Encontramos um caminho em O Livro dos Espíritos, questão 919 quando Kardec pergunta aos Espíritos superiores qual é o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e resistir à atração do mal. E eles respondem: “um sábio da Antiguidade vo-lo disse: conhece-te a ti mesmo”.

Como conseguir o autoconhecimento? O que fazer? Quando fazer? Como fazer? A questão 919-a ajuda-nos nessa busca. Mas, é necessário, sem preguiça e com vontade real de aprender, tirar da estante o livro basilar da Doutrina Espírita e ler, sem pressa, as respostas de Santo Agostinho.


[1] XAVIER, F. C. Caminho, Verdade e Vida, ditado pelo Espírito Emmanuel. 17ª ed., FEB, Rio de Janeiro/RJ, lição 107.

[2] SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus. 14ª ed., Casa Editora O Clarim, Matão/SP, Parte 1, pp 11 e 13.

[3] ROHDEN, Huberto. Sabedoria das Parábolas. 12ª ed., Editora Martin Claret, São Paulo/SP, p. 95.

[4] XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns, ditado pelo Espírito Emmanuel. 19ª ed., FEB, Brasília/DF, cap. “Tesouros Ocultos”.

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Cuidando do corpo e da alma

Grupo Scheilla de Belo Horizonte, MG. Reunião Pública de 13 de setembro de 2023, quarta-feira, com transmissão direta do salão do Centro Oriente. Na primeira parte teremos o estudo continuado do Livro dos Espíritos. Em seguida a palestra tema da noite, com José Márcio de Almeida.

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Desencarna Nelson Travnik

Por José Márcio de Almeida

Desencarnou, na manhã de quinta-feira, 07 de setembro, aos 87 anos, o astrônomo e espírita Nelson Travnik (na foto acima, com a camisa da NASA). Ele estava internado no Hospital Centro Médico, em Campinas (SP), cidade em que morava.

O Professor Travnik foi credenciado pela NASA em 1969 e fez parte do Programa Lion, que observava fenômenos lunares que pudessem afetar a missão de Neil Armstrong. Ele também participou da fundação de observatórios em Minas Gerais e São Paulo.

Reencarnou em Petrópolis (RJ), mas vivia em Campinas desde 1996. A trajetória na astronomia começou em 1954, quando fundou o Observatório Astronômico Flammarion (1954–1976), em Matias Barbosa (MG). Mais tarde, em Campinas, aceitou o convite de Jean Nicolini para integrar a equipe do recém-inaugurado Observatório Municipal.

Em 1985 participou da fundação do Observatório Municipal de Americana e, em 1992, fundou o Observatório Astronômico de Piracicaba. Quatro anos depois se aposentou da unidade campineira e passou a atuar em Americana e Piracicaba. Lançou livros e se tornou referência no país.

Além de uma referência na área da Astronomia, o Prof. Travnik era um Espírita declarado e convicto. Profundo conhecedor da obra de Camille Flammarion, era parceiro aqui do Divulgando a Doutrina Espírita.

Publicamos, aqui no blog, dezenas de seus artigos em que mesclava astronomia e doutrina espírita.

Temos por certo que esse Espírito tão devotado à ciência e ao espiritismo, está, desde agora, vislumbrando, de mais perto, as estrelas!

Abaixo, alguns dos artigos que publicamos:

Para ler outros artigos de autoria do Prof. Nelson Travnik publicados aqui no DDE, utilize a barra PESQUISA NO BLOG, no alto da página, à direita. Digite “Nelson Travnik” e aperte o botão “pesquisar”.

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Opção pela paz

Por Marcelo Rios (Espírito) e Jairo Avellar (Médium)

Considerando os desafios diários vividos pelo homem moderno no tocante às fustigantes investidas do pessimismo, e que de maneira decisiva tem dilapidado impiedosamente as estruturas do equilíbrio psíquico, temos a considerar os muitos fatores que tem assolado impiedosamente os corações, podemos afirmar que num plano bastante destacado temos a desordem social, e nesta esfera nada tem sido mais agressivo e devastador para as reservas do equilíbrio social do que o fator desesperança, que tem campeado vitorioso sobre os corações que ainda frágeis e apequenados, têm reagido de forma muitas vezes errôneas e por demais equivocadas.

Quando falamos em desordem social, precisamos considerar que esta não reside propriamente na desobediência do povo para com os seus governantes, e muito menos numa desobediência social para com a ordem constitucional instituída. Em um regime em que o poder emana do povo, pelo povo e para o povo, tem-se insistido em se fixar na quebra sistêmica do elo entre o poder e o povo, na medida em que o poder instituído pelo povo, passa a desconhecer de forma afrontosa e sistêmica a temporalidade de sua permanência, insistindo em avançar pelos caminhos sórdidos da perpetuidade, e desconsiderando a sua responsabilidade em governar pela ordem e pelo progresso do povo que o instituiu, passando daí a optar por uma governança em torno de interesses puramente pessoais e corporativos.

Todas as vezes que velhas ordens psíquicas são sacudidas pelos ventos fortes das transformações e das mudanças, sempre existiu e sempre existirão severas resistências, e sempre haverá um esforço hercúleo para o continuísmo, e daí impotentes ante as ondas avassaladoras  do pregresso, as velhas ordens passam a digladiarem ferozmente entre si, e assim sem perceberem começam a abrir amplos espaços para o progresso, foi assim na França, foi assim na Inglaterra, foi assim na China, foi assim na Alemanha, nos Estados Unidos da América e também foi assim na Índia, seria exigir muito que mentes envelhecidas, corrompidas pelo poder, pela ganância e chagados pelo egoísmo corrosivo, se curvassem exultantes ante aos avanços propostos para uma nova era.

Contudo temos a considerar também o homem velho que existe em todos nós, pessimistas, medrosos, receosos, inconsistentes diante aos atributos da fé, e ainda constantemente visitados pelas reverberações do passado, sempre nos convidando aos mesmos erros, pactuados com a intolerância, a agressividade, e a revolta constantemente armada, e sempre prontos a agredir e a sovelar a qualquer um que se apresente como adversário.

Assim, dentro dessa nossa obtusa incapacidade de enxergarmos os fachos luzidios do amor ao próximo, sempre nos colocamos a acreditar que a força e a violência sejam os caminhos mais eficazes para o triunfo do bem.

Corações queridos, lembremo-nos de Mohandas karamchand Gandhi, o Mahatma, que tanto na luta pela independência de seu país, quanto na luta contra as imposições religiosas, fez a opção pelas armas da paz, desarmando corações, optando pela concórdia e pelo perdão, e ensinando através dos exemplos pessoais que as estradas pacifistas quando buscadas como sentido de vida, formam verdadeiramente uma direção vitoriosa.

Quando fazemos a opção pela paz, o temor desaparece, as incertezas cedem lugar a confiança, e as incertezas quanto ao futuro não se sustentam abrindo campo livre para o plantio da segurança, onde existe a paz, também mora a esperança, vizinha da confiança e da perseverança, e assim a resiliência se interioriza na alma criando raízes vitoriosas e inquebrantáveis.

Sejamos todos nós os embaixadores da paz, Jesus o Mestre da paz, continua firme no leme a conduzir a embarcação terrena rumo a portos seguros, creiam que inúmeras grandes almas já se encontram reencarnadas no cenário brasileiro, oficiosas e responsáveis no exercício de suas funções, esperando tão somente serem chamadas aos cenários das grandes decisões, inúmeras outras já se encontram aí reencarnadas aguardando, ainda imersos no sono infantil, e outros muitos já vivendo o despertar juvenil, mas todos a esperar responsavelmente pelo porvir para darem o recado a que foram convidados, com destemor, com determinação e com a autoridade existente na alma dos grandes pacifistas, todos prontos para assumirem suas responsabilidades.

Os grandes trabalhadores espirituais, responsáveis pelas atividades de progresso do orbe e das nações, distribuem às velhas raposas de ontem, oportunidades a mãos cheias, no intuito de que elas se façam dignas da vinha, infelizmente muitas após passarem por grande e intenso preparo, ainda assim retomam os mesmos velhos erros do passado e infelizmente menoscabam as novas responsabilidades recebidas, tornando-se outra vez indignos de seu tempo, e por fim acabam por desdenhar as uvas. Mas, quando os caminhos parecem sem vida, desolados, tristes, devastados e impróprios, a solução nunca é de se mudar os caminhos, simplesmente renovam-se as mentes pois, não são os caminhos que constroem as mentes, muito pelo contrário, são as mentes que constroem e sensibilizam os caminhos, tornando-os cheios de vida, alegres, cultiváveis e próprios para a felicidade.

Façamo-nos mensageiros da paz, nos doando por inteiro aos trabalhos voltados à construção da paz, ingressemos hoje no grande exército dos pacifistas sempre com o coração desarmado, e em tudo sejamos nós os pacificadores trabalhando num plantão sem tréguas, falando de paz, semeando a paz, cuidando da paz e acima de tudo exemplificando a paz em nossos mínimos atos, e onde estivermos nos façamos a pombinha branca da paz a sinalizar os melhores caminhos para o entendimento e para a concórdia.

E recordando a Jesus, o Senhor e Mestre, quando nos exortando para o entendimento da paz verdadeira nos asseverou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vo-la dou, eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração e nem se atemorize” (Jo 14:27). Não aceitemos uma outra paz, que não seja a paz que repousa no amor incondicional ao próximo, a paz onde a fraternidade se torna o grande clarim da esperança.

Paz e muitas alegrias!

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