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Archive for fevereiro \24\-03:00 2022

Carlos Gomes

Hippolyte Léon Denizard Rivail conhecido professor francês do século XIX deixou seu nome, sua fama, sua vida, para dar luz a uma obra que mudaria a forma de ver e sentir a vida e a morte. O professor saía de cena no dia dezoito de abril de mil oitocentos e cinquenta e sete para dar lugar ao desconhecido Allan Kardec, o pseudônimo adotado por ele, e organizar O Livro dos Espíritos.

A partir deste memorável dia o mundo conheceria os termos “Espírita” e “Espiritismo”, cunhados por Allan Kardec para designar a nova Doutrina dos Espíritos que tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível.

O Livro dos Espíritos, de filosofia espiritualista, contém os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade, segundo os ensinamentos dos Espíritos Superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec.

Kardec na introdução do livro vai traçar um panorama dessa nova Doutrina começando pelos conceitos que irá utilizar ao longo da obra. Iniciando pela discussão sobre o significado de alma chega à conclusão de que alma seria o ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo. É sobre a existência desse ser independente da matéria que a Doutrina Espírita repousa.

A origem dessa nova Doutrina foi uma série progressiva de fenômenos observados de movimento de objetos, vulgarmente conhecidos como “mesas girantes” ou “dança das mesas”. Em diferentes países da América à Europa repetiam-se esses fatos, embora haja relatos de sua existência desde a Antiguidade.

O mais intrigante é que os fenômenos não se restringiam apenas a movimentação de objetos e o olhar percuciente do professor pesquisador entrou em ação para desvendar esse mistério das mesas girantes.

Kardec começou a estudar as circunstâncias em que os fatos se produziam, realizou uma observação perseverante, atenta, e por vezes, bastante prolongada.

Esse trabalho minucioso levou à conclusão de que não se tratava apenas de um impulso mecânico dado aos objetos, mas havia a intervenção de uma causa inteligente. Abriu-se então um campo inteiramente novo de observações e questionamentos: O que seria essa força inteligente por detrás das mesas girantes? Essa é a questão maior, dentre tantas outras que iriam decorrer a partir dela.

O professor observou que as mesas respondiam às perguntas dos presentes com batidas, convencionando-se uma ou duas batidas quando a resposta era sim e quando era não. Também se começou a relacionar o número de batidas com as letras do alfabeto podendo se formar palavras e frases.

Perguntado a essa força sobre a sua natureza, descobriu-se que se tratava de um Espírito, dando seu nome e informações a seu respeito. O mais peculiar é que nenhum dos presentes tinha pensado nessa hipótese até então. O que acabou por reforçar a veracidade do fenômeno que se revelou por si mesmo.

Mais pra frente esse sistema de comunicação foi se adaptando colocando-se agora um lápis amarrado a uma cestinha sobre a mesa e podendo escrever discursos inteiros e muitas páginas com conteúdos mais complexos e de forma rápida.

Além dos instrumentos oferecidos aos Espíritos comunicantes percebeu-se que o fato só acontecia na presença de pessoas que possuíam uma característica especial, as quais receberam o nome de “médiuns”, que significa intermediários entre os Espíritos e os homens.

Com a evolução do processo, o próprio médium começou a segurar o lápis, ao invés da cestinha, pondo-se a escrever em nome do Espírito comunicante. Começou então o desenvolvimento da mediunidade chamada psicografia, enquanto outras faculdades iam se revelando ao longo do tempo.

Allan Kardec concluiu então pela existência de seres distintos da Humanidade, explicação dada pelas próprias inteligências que se faziam presentes às reuniões.

Há Espíritos? Esse é o objeto de estudo da Doutrina Espírita.

Referência:

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, trad. J. Herculano Pires. 82ª ed. São Paulo; LAKE, 2017.

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Estou cansada de fazer caridade

Compilação de Rudymara (postado por Grupo de Estudo Allan Kardec)

Conta Divaldo Franco:

Visitei uma instituição e uma senhora me disse assim:

– Ah! Irmão Divaldo, não aguento mais. Estou cansada de fazer caridade. Eu não aguento mais, é tanto pobre.

Eu disse:

– Minha filha, então deixe.

Ela:

– O Senhor está me mandando deixar de fazer a caridade?

Eu disse:

– Não, eu estou mandando você descansar, porque a caridade está lhe fazendo mal. Já imaginou a caridade fazer mal a quem a faz? Algo não está funcionando! Ou você está exibindo-se sem o sentido de caridade, me perdoe a franqueza, pois quero lhe ajudar, ou você está saturada. Faça uma pausa.

Ela:

– O que será dos pobres?

Eu:

– Minha filha, eles são filhos de Deus. Antes de você chegar Deus já tomava conta. Você está só dando uma mãozinha para você, não para eles, porque, afinal, isso aqui nem é caridade, é paternalismo. Você está mantendo muita gente na miséria, que já podia estar libertada, porque você me disse que já atendeu a avó, a filha e agora está atendendo a neta. Como é que você conseguiu manter na miséria três gerações? Que a avó e a filha fossem pobres necessitadas, é aceitável, mas a neta já teríamos que libertar da miséria de qualquer jeito. Colocando-a na escola, equipando-a, arranjando-lhe trabalho. Isso não é caridade. Está lá no Evangelho: “Transformai as vossas esmolas em salário”. Então, repouse um pouco. É uma rotina. Você quer abarcar um número de pessoas que você não pode abraçar. Diminua. Faça com qualidade e procure fazer em profundidade. Faça o bem.

Vejamos o que diz Bezerra de Menezes: “Atendei, assim, à fome do corpo; providenciai o agasalho e o remédio, sem vos esquecerdes, porém, de fazer luz para que as trevas da ignorância se desfaçam.

Se é justo cooperar com o pai de família que, de um instante para outro, se vê às voltas com o desemprego, mais justo ainda será ampará-lo com uma nova oportunidade de trabalho.

A assistência fraterna aos irmãos carentes não deve induzi-los à excessiva dependência, sob pena de viciar-lhes o espírito.

É evidente que, cada qual é encorajado pela Vida a equacionar as próprias dificuldades: a solução definitiva dos problemas que enfrenta passa, necessariamente, pela maior conscientização do homem no processo da evolução.

Filhos, não vos esqueçais, portanto de que amar é ensinar o caminho, encorajando a quem deve tomar a iniciativa de percorrê-lo.”

A caridade, devidamente aplicada, representará sempre a mão do Criador, atendendo às necessidades gerais ou específicas da alma humana, fomentando alegria, crescimento e progresso. Mas não basta fazê-la, temos que aprender como fazê-la.

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Rejane Planer

Um dos mais intrigantes conceitos da ciência, devido as suas implicações filosóficas e religiosas que se reflete na nossa vida como o passar das estações e dos anos, e assinala o processo de envelhecimento, o ciclo da vida, é o tempo. Vivendo o dia a dia atribulado pela necessidade de sobrevivência na sociedade atual, que nos bombardeia com informações de todo caráter, mas nem sempre agradáveis, evitamos pensar na transitoriedade da vida terrena.

Aceitamos, sem questionar, que o tempo progride em direção ao futuro, pois a rotina da vida do cotidiano confirma esta seta unidirecional do tempo.  O passado já passou, o presente está aqui e agora. Não podemos reconstruir nossas vivências, nem retroceder e revisá-las, como num artigo, ou num filme, consertando uma coisinha aqui, outra acolá. Somente podemos aprender e tentar novamente em outra ocasião, quando uma experiência similar acontecer.

Medimos o tempo em segundos, minutos, horas, dia e anos, apesar de nossa percepção do tempo mental, emocional ou espiritual, ser muito mais flexível e complexa. Os segundos que duram um acidente parecem eternos, enquanto que o minuto de espera de por alguém que se anseia por encontrar parece se prolongar por horas.

A percepção unidirecional do tempo também não é absoluta. Existem ocasiões em que o tempo unidirecional parece deixar de existir, e retrocedemos no tempo ou visualizamos acontecimentos ainda por vir. Estas experiências, fora do tempo “real”, ocorrem em algumas pessoas, sensitivos ou médiuns, que podem ver ou sentir o passado, ou predizer acontecimentos ainda por vir, acessando informações passadas ou futuras.

Edgar Allan Cayce (1877-1945), médium americano, deixou uma ampla documentação sobre visões do passado e algumas predições futuras, fornecidas em transe mediúnico por mais de 40 anos, aqueles que o procuravam. Eurípedes Barsanulfo (1880-1918), jornalista e médium mineiro, previu o dia da própria desencarnação com pelo menos um mês de antecedência. Cayce e Barsanulfo são somente dois exemplos, entre milhares existentes nas obras Espíritas e literatura em geral, de indivíduos que relatam conhecimentos detalhados de um passado longínquo, ou trazendo informações sobre fatos que ainda estão por acontecer, prevendo o futuro.  Talvez você também tenha tido a sua fugaz experiência da relatividade do tempo, quando a janela do tempo se abriu e você pode perceber experiências anteriores ou acontecimentos que estariam por vir.

Devido a sua associação com o místico ou com os processos mentais e orgânicos, o estudo científico do tempo foi relegado por séculos a um segundo plano, e tem levado ao longo da história da humanidade a debates acirrados entre teólogos e divergências filosóficas. Enquanto, teólogos e filósofos discutem as tecnicalidades da relação entre tempo e eternidade, os místicos orientais desenvolveram técnicas que induzem a estados atemporais, onde passado, presente e futuro coexistem simultaneamente, e os médiuns de todos os tempos tem demonstrado a possibilidade de acessar memórias passadas e eventos futuros.

O tempo na ciência

Aristóteles (384-322 AC), filósofo e cientista grego, foi provavelmente o primeiro a postular o tempo como movimento; mas foi Galileu (1564-1642), quem introduziu o entendimento do fator tempo como uma unidade mensurável e independente, ao medir o período de um pêndulo usando a sua pulsação cardíaca. Com Newton (1642-1727), o tempo surge como um conceito “matemático, real e absoluto, que por sua própria natureza flui sem relação com qualquer coisa externa”. Na mecânica Newtoniana, o tempo é um parâmetro fundamental e é na sua essência, um tempo matemático, absoluto (independente do observador) e universal.

Em 1905, Albert Einstein (1879-1955) introduz a noção de relatividade do tempo, ao estabelecer que velocidade da luz no vácuo é a mesma em qualquer sistema de referência inercial e não depende nem da velocidade da fonte que está emitindo a luz, tampouco do observador que a está medindo. Assim, que dois eventos que ocorrem no mesmo momento em um sistema de referência, se forem observados em outro referencial, podem ocorrer em momentos diferentes. Para Einstein tempo e espaço estão interconectados, e passado, presente e futuro são somente ilusões.

A teoria geral da relatividade do genial Einstein foi recentemente comprovada com a descoberta da onda gravitacional oriunda da colisão entre dois buracos negros em fevereiro de 2016, pelo laboratório LIGO (Observatório de Ondas Gravitacionais com Interferômetro Laser) dos EUA.

Para alguns neurocientistas, a percepção do tempo está relacionada a processos quânticos no cérebro, que se relacionam com a consciência[1].

A revolução iniciada por Einstein e outros pioneiros está apenas começando. Outros horizontes abrem-se à ciência, com o aprofundamento dos estudos sobre os campos de ondas gravitacionais, o espaço-tempo e suas implicações, e com a aceitação da consciência imortal – o Espírito, que já começa a ser considerada por alguns cientistas[2].

O Espírito e o tempo

Para nós espíritas, esta revolução já começou há mais de 150 anos, com a codificação da Doutrina dos Espíritos por Allan Kardec. No pentateuco Kardequiano estão os conceitos fundamentais que regem a vida.

O Espírito, o ser imortal que cada um de nós é, esquece o seu passado milenar ao reencarnar, mas retém os conteúdos que são úteis à sua evolução espiritual, os quais se manifestam geralmente como tendências inatas. Em certas ocasiões, é facultado o acesso a informações do passado ou do futuro, necessárias para a sua evolução ou para aqueles que lhe acompanham na vida. A memória pregressa vem a tona, por processos que a ciência ainda não sabe explicar. A memória, como o pensamento e outras funções primordiais do Espírito ainda não são explicadas pela ciência.

Ensina a Doutrina Espírita, que o Espírito, “percorre o espaço com a rapidez do pensamento e é como um centro que se irradia por todos os lados, dependendo da sua evolução”[3], assim, ao alcançar estágios mais altos na hierarquia evolutiva, o Espírito livra-se desta percepção unidirecional do tempo, relativizando-o e ao mesmo tempo tornando-o reversível, seja por acessar a memória passada ou antecipar possibilidades futuras.

Em A Gênese (capitulo VI)[4], o Espírito Galileu faz uma análise do tempo, esclarecendo que “o tempo é apenas uma medida relativa a sucessão das coisas transitórias” e afirma que o tempo passa a existir no momento da Criação, e existe de modo diverso em cada universo – “Tantos mundos na vasta amplidão, quantos tempos diversos e incompatíveis”. O conceito de tempo é, portanto, inerente a realidade material do universo que vivemos. Outros existirão, onde a prisão do tempo já não existe.

Na perspectiva de outros horizontes, onde o tempo e o espaço não mais nos aprisionam, vemos também um convite à evolução, o objetivo da vida. Ao ampliar a consciência, conhecendo e vivendo as leis universais e morais que nos regem a todos, libertamo-nos das prisões interiores e avançamos em direção a conquista da plenitude, que nos libertará também da ilusão do tempo. 

Como ensina a mentora espiritual Joanna de Angelis, “ilumina-te, pois a cada momento, acendendo a sublime claridade do discernimento na mente e do amor no sentimento, a fim de conseguires a paz e os estímulos para a sublimação”[5] – a felicidade plena.

Referências:

Davies, Paul. About time: Einstein unfinished revolution, Penguin Books (1995).

Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da Caridade. Seareiro, Ano 5 – nº 44 – Agosto/2004, Diadema, São Paulo.

Franco, Divaldo e Joanna de Ângelis (Espírito). Ilumina-te, Intervidas, Catanduva, SP (2013).

Kardec, Allan. A Gênese, Cap 2, item 2 a 13, Ed. FEB (1995).

Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Ed. FEB (1995).

Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, Cap. 1, segunda parte, item 55, 61 Ed. FEB (1995).

Planer, Rejane. Tempo – realidade ou ilusão?, Revista Presença Espírita, janeiro/fevereiro 2015, Ano XL, no 306, Editora LEAL (2015).


[1] Ver Planer, Rejane. Tempo – realidade ou ilusão?, Revista Presença Espírita, janeiro/fevereiro 2015, Ano XL, no 306, Editora LEAL (2015).

[2] Ver Planer, Rejane. Entre crer e saber, Revista Presença Espírita, janeiro/fevereiro 2017, Ano XLII, no 318, Editora LEAL (2017).

[3] Kardec. Allan. O Livro dos Espíritos, perguntas 89, 92, 93.

[4] Kardec, Allan. A Gênese, Cap 2, item 2 a 13, Ed. FEB (1995).

[5] Franco, Divaldo e Joanna de Ângelis (Espírito). Ilumina-te, Intervidas, Catanduva, SP (2013).

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Nelson Travnik

Uma das facetas mais importantes que a doutrina espírita nos revela, é aquela que somos seres imortais e eternos numa breve jornada de aprendizado nesta grande escola que é o planeta Terra. Que somos os arquitetos do nosso próprio destino, materializando-o a cada momento pela escolha que fazemos. Que o que acaba para nós, é a jornada terrena e que continuaremos a existir após a morte física. Vale aqui lembrar as mensagens psicografadas dirigidas aos pais por alguns dos jovens que foram consumidos pelo fogaréu da Boate Kiss em Santa Maria, RS: “estamos bem, estamos vivos!”. Porventura existe algo mais consolador que isso?

As experiências de quase morte, EQM, são entre outras, fundamentais na comprovação científica da existência da alma. O tiro de misericórdia no ateísmo. Terminado o tempo na Terra, acontecem duas mudanças: a primeira é o abandono do corpo físico para vestir outro de luz e a segunda, a mais surpreendente, é constatar o reencontro da vida. Dependendo do estado evolutivo do espírito, há o inicio de uma intenso intercâmbio filosófico e cultural com os espíritos afins, que nada mais são do que seres humanos desencarnados de todos os níveis culturais, intelectuais e morais. O espiritismo é, pois, uma filosofia espiritualista que toca nas bases fundamentais do todas as religiões: Deus, Alma e Vida Futura. Proclama a liberdade de consciência e respeito a todas as convicções sinceras. Defende que toda fé imposta é sem raiz. Não se impõe a ninguém e é aceita livremente e por convicção. Por isso, admite em seus cursos, pessoas de todas as religiões.

Ensina que todos nós criamos nosso próprio destino e, consoante o livre arbítrio, semeamos livremente, porém colhemos o que semearmos. Pela lei universal de Ação e Reação, somos nós mesmos os causadores de nossos sofrimentos. Somos submetidos as leis que permeiam todo o universo. São perfeitas. O espiritismo considera que a fé sem raciocínio, sem estar aliada a razão, leva a uma crença cega, a crendices e superstições. É profundamente distinta das religiões tradicionais. Não possui sacerdotes, templos, não adota cerimonias e qualquer forma de simbologia e ornamentações para cultos. O culto espírita é feito no próprio coração, no sentimento puro de amor de amor ao semelhante. Que somente o trabalho constante em favor do próximo e a pratica de boas ações, nos liga ao Criador.  Para os espiritas, Deus é a Força, a Inteligência, o Amor e a Justiça que permeia todos os planetas habitados, tanto no plano físico como no espiritual. Sua missão principal é reviver o cristianismo na mais pura expressão de amor e caridade no contexto do Consolador prometido por Jesus. Os espiritas aceitam e comungam os ensinamentos de Jesus mas, embora o considerem o maior dos Mestres, não o admitem como sendo o próprio Deus do universo materializado na figura de um homem. Uma visão portanto diferente da maioria das religiões cristãs.  Nas comunicações mediúnicas, muitos espíritos as vezes são apegados às teorias que evidenciam a vida terrena. Por isso, deve-se observar o principio espírita que só devemos aceitar o que está comprovado cientificamente em sintonia com o primeiro dos três pilares em que é apoiada a doutrina: Ciência. Ela promove a busca incessante da comprovação da sua filosofia através das descobertas nas mais diversas áreas da ciência: a Astronomia, Física e Biologia e tantas outras. Somente as religiões estacionárias podem temer o avanço da ciência.

O segundo pilar da doutrina é a fé inquebrantável na evolução espiritual através das vidas sucessivas para que alcancemos ser espíritos de luz. A historia mostra que a crença na reencarnação é milenar estando presente em muitas religiões, filosofias, seitas e não apenas no espiritismo. É sabido que nos primeiros seis séculos no começo da Igreja, muitas correntes de pensamento acreditavam na reencarnação no contexto da palavra de Jesus a Nicodemos: ‘para ver o reino do céu, o homem terá que nascer de novo’. Estava claro que Jesus tinha conhecimento da reencarnação presente entre os hebreus na Cabala, nos essênios, Índia, na Pérsia, no Egito em Alexandria através de Plotino, na Grécia e com o historiador Flavius Josephus. Contudo após o 2º Concilio de Constantinopla em 553 d.C. é que, sob intervenção direta de Justiniano com o apoio do papa, preferiram relegar a reencarnação pois contrariava as penas eternas dos pecadores. Uma confissão e tudo estaria resolvido. Outrossim importa lembrar que a derrubada da reencarnação muito deveu a Teodora, esposa de Justiniano, meretriz redimida que assim não precisaria retornar para expiar sua vida pecaminosa. Mais tarde, os abastados veriam seus nomes pronunciados em todas as missas garantindo assim um lugar no céu. Uma receita milionária introduzida para abastecer os cofres da Igreja.

Mas o conceito milenar da reencarnação, incinerada pelo 2º Concilio de Constantinopla e mais tarde pela Santa Inquisição, iria ressurgir das cinzas trazida à luz da razão e do raciocínio. Tratando-se do lado científico, após o homem ter pisado em outro corpo celeste, o maior impacto na vida dos cidadãos do Século Espacial, será aquele referente a Pluralidade dos Mundos Habitados, ideia defendida por pensadores e filósofos da antiguidade e que encontrou em Giordano Bruno (1548-1600) e Camille Flammarion (1842-1925) seus mais ferrenhos apoiadores. O primeiro em seu livro “Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos”, considerado herético pela Igreja e não se retratando, foi condenado a fogueira pela Igreja. O segundo com seu livro “A Pluralidade dos Mundos Habitados” alcançou expressivo sucesso. Ambos foram os profetas da época que estamos vivenciando. A descoberta dos exoplanetas muitos dos quais em zona habitável, indica que são milhões ou mesmo bilhões de planetas com espécies viventes no universo. Que ele é um celeiro de vida.

Pela radioastronomia sabemos que a comunicação com seres de outros planetas esbarra na enorme distância que nos separa. Mesmo assim, já é aceito que esse contato será feito nos próximos 20 ou trinta anos com alguns planetas orbitando estrelas mais próximas a nós. Para isso, possuímos gigantescos radiotelescópios e outros agrupados em linha utilizando o processo de interferometria de base, que os combina em um ainda maior. Será o evento de maior impacto social e filosófico da humanidade que ainda não estará preparada para receber. As mensagens certamente terão que ser filtradas. Nesse contexto, concernente a filosofia, a doutrina espírita estará incólume devido à universalidade dos seus ensinamentos. Sobre esse aspecto, já aceito pela comunidade científica, cumpre realçar noticia recente que a NASA está promovendo uma reunião com representantes de todas as religiões para tratar do assunto no aspecto filosófico. Prova de que, conforme o dito popular, ‘onde há fumaça há fogo’.

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