Feeds:
Posts
Comentários

Archive for janeiro \15\-03:00 2013

Provas da Existência de Deus

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS [*]

4. Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?

– Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.

Para acreditar em Deus, basta ao homem lançar os olhos sobre as obras da criação. O universo existe, portanto ele tem uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e admitir que o nada pôde fazer alguma coisa.

5. Que conclusão podemos tirar do sentimento intuitivo que todos os homens trazem em si mesmos da existência de Deus?

– A de que Deus existe; de onde lhes viria esse sentimento se repousasse sobre o nada? É ainda uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa.

6. O sentimento íntimo que temos em nós da existência de Deus não seria o efeito da educação e das ideias adquiridas?

– Se fosse assim, por que vossos selvagens teriam também esse sentimento?

Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse o produto de um ensinamento, não seria universal. Somente existiria naqueles que tivessem recebido esse ensinamento, como acontece com os conhecimentos científicos.

7. Poderemos encontrar a causa primária da formação das coisas nas propriedades íntimas da matéria?

– Mas, então, qual teria sido a causa dessas propriedades? Sempre é preciso uma causa primária.

Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porque essas propriedades são elas mesmas um efeito que deve ter uma causa.

8. O que pensar da opinião que atribui a formação primária a uma combinação acidental e imprevista da matéria, ou seja, ao acaso?

– Outro absurdo! Que homem de bom senso pode conceber o acaso como um ser inteligente? E, além de tudo, o que é o acaso? Nada.

A harmonia que regula as atividades do universo revela combinações e objetivos determinados e, por isso mesmo, um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso seria um contra-senso, porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente não seria mais um acaso.

9. Onde é que se vê na causa primária a manifestação de uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?

– Tendes um provérbio que diz: “Pela obra reconhece-se o autor.” Pois bem: olhai a obra e procurai o autor. É o orgulho que causa a incredulidade. O homem orgulhoso não admite nada acima dele; é por isso que se julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!

Julga-se o poder de uma inteligência por suas obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a natureza produz, a causa primária é, portanto, uma inteligência superior à humanidade.

Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela inteligência humana, essa inteligência tem ela mesma uma causa e, quanto mais grandioso foro que ela realize, maior deve ser a causa primária. É essa inteligência superior que é a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o nome que o homem lhe queira dar.

[*] Allan Kardec, O Livros dos Espíritos, Parte Primeira, Cap. I.

Read Full Post »

Lei Divina ou Natural

LEI DIVINA OU NATURAL [*]

Características da Lei Natural

614. O que se deve entender por lei natural?

– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente quando se afasta dela.

615. A lei de Deus é eterna?

– Eterna e imutável como o próprio Deus.

616. Deus ordenou aos homens, numa época, o que lhes proibiu em outra?

– Deus não pode se enganar; são os homens que são obrigados a mudar suas leis, porque são imperfeitos; mas as leis de Deus são perfeitas. A harmonia que rege o universo material e o universo moral é fundada sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade.

617. Que objetivos abrangem as leis divinas? Elas se referem a outra coisa além da conduta moral?

– Todas as leis da natureza são leis divinas, uma vez que Deus é o criador de todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda as da alma e as pratica.

617-a. É permitido ao homem se aprofundar em ambas?

– Sim, mas uma única existência não basta.

Que são, de fato, alguns anos para adquirir tudo o que constitui o ser perfeito, se considerarmos apenas a distância que separa o selvagem do homem civilizado? A mais longa existência possível de imaginar é insuficiente e com maior razão quando é abreviada, como acontece com muitos. Entre as leis divinas, umas regem o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas, cujo estudo é do domínio da ciência. Outras dizem respeito especialmente ao homem em si mesmo e em suas relações com Deus e com seus semelhantes. Elas compreendem as regras da vida do corpo como também as da vida da alma: são as leis morais.

618. As leis divinas são as mesmas para todos os mundos?

– A razão diz que devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e proporcionais ao grau de adiantamento dos seres que os habitam.

[*] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Parte Terceira, Cap. I.

Read Full Post »

PRINCÍPIOS DA DOUTRINA ESPÍRITA SOBRE AS PENAS FUTURAS [*]

A Doutrina Espírita, no que respeita às penas futuras, não se baseia numa teoria preconcebida; não é um sistema substituindo outro sistema: em tudo ela se apoia nas observações, e são estas que lhe dão plena autoridade. Ninguém jamais imaginou que as almas, depois da morte, se encontrariam em tais ou quais condições; são elas, essas mesmas almas, partidas da Terra, que nos vêm hoje iniciar nos mistérios da vida futura, descrever-nos sua situação feliz ou desgraçada, as impressões, a transformação pela morte do corpo, completando, em uma palavra, os ensinamentos do Cristo sobre este ponto.

Preciso é afirmar que se não trata neste caso das revelações de um só Espírito, o qual poderia ver as coisas do seu ponto de vista, sob um só aspecto, ainda dominado por terrenos prejuízos. Tampouco se trata de uma revelação feita exclusivamente a um indivíduo que pudesse deixar-se levar pelas aparências, ou de uma visão extática suscetível de ilusões, e não passando muitas vezes de reflexo de uma imaginação exaltada. (1)

Trata-se, sim, de inúmeros exemplos fornecidos por Espíritos de todas as categorias, desde os mais elevados aos mais inferiores da escala, por intermédio de outros tantos auxiliares (médiuns) disseminados pelo mundo, de sorte que a revelação deixa de ser privilégio de alguém, pois todos podem prová-la, observando-a, sem obrigar-se à crença pela crença de outrem.

(1) Vede Cap. VI, nº 7, e O Livro dos Espíritos nºs 443 e 444.

[*] Allan Kardec, O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, Parte Primeira, Cap. VIII.

Read Full Post »

A Grande Pergunta

A GRANDE PERGUNTA [*]

 “E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” – Jesus. (Lucas, 6: 46.)

Em lamentável indiferença, muitas pessoas esperam pela morte do corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras do Cristo.

Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito. O Mestre permanece vivo em seu Evangelho de Amor e Luz.

É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamos os ensinamentos sublimes e claros.

Muitos aprendizes aproximam-se do trabalho santo, mas desejam revelações diretas. Teriam mais fé, asseguram displicentes, se ouvissem o Senhor, de modo pessoal, em suas manifestações divinas. Acreditam-se merecedores de dádivas celestes e acabam considerando que o serviço do Evangelho é grande em demasia para o esforço humano e põem-se à espera de milagres imprevistos, sem perceberem que a preguiça sutilmente se lhes mistura à vaidade, anulando-lhes as forças.

Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre Divino em seu verbo imortal. Ignoram que o serviço deles é aquele a que foram chamados, por mais humildes lhes pareçam as atividades a que se ajustam.

Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus.

É por isso que a oportuna pergunta do Senhor deveria gravar-se de maneira indelével em todos os templos, para que os discípulos, em lhe pronunciando o nome, nunca se esqueçam de atender, sinceramente, às recomendações do seu verbo sublime.

[*] Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. Caminho, Verdade e Vida. Cap. 47.

Read Full Post »

145 Anos de “A Gênese”

145 ANOS DE A GÊNESE OU OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO

210px-Genèse_selon_le_spiritisme

Publicada em janeiro de 1868, A Gênese Ou Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo é composta de três partes. A primeira parte trata da gênese, isto é, da formação dos mundos e da criação dos seres animados e inanimados. A segunda parte, dos milagres, onde se discute sobre o que pode ser considerado milagre, e se explica, à luz da Doutrina Espírita os muitos milagres feitos por Jesus. A terceira parte explica como e porque pode haver previsões de coisas futuras, pressentimentos e coisas afins.

Read Full Post »

152 ANOS DE O LIVRO DOS MÉDIUNS

210px-Le_Livre_des_Médiums

Publicado em janeiro de 1861, O Livro dos Médiuns versa sobre o caráter experimental e investigativo do espiritismo, visto como ferramenta teórico-metodológica para se compreender uma “nova ordem de fenômenos”, até então jamais considerada pelo conhecimento científico: os fenômenos ditos espíritas ou mediúnicos, que teriam como causa a intervenção de espíritos na realidade física.

Read Full Post »

Que Fazeis de Especial?

QUE FAZEIS DE ESPECIAL? [*]

 “Que fazeis de especial?” – Jesus. (Mateus, 5:47.)

Iniciados na luz da Revelação Nova, os espiritistas cristãos possuem patrimônios de entendimento muito acima da compreensão normal dos homens encarnados.

Em verdade, sabem que a vida prossegue vitoriosa, além da morte; que se encontram na escola temporária da Terra, em favor da iluminação espiritual que lhes é necessária; que o corpo carnal é simples vestimenta a desgastar-se cada dia; que os trabalhos e desgostos do mundo são recursos educativos; que a dor é o estímulo às mais altas realizações; que a nossa colheita futura se verificará, de acordo com a sementeira de agora; que a luz do Senhor clarear-nos-á os caminhos, sempre que estivermos a serviço do bem; que toda oportunidade de trabalho no presente é uma bênção dos Poderes Divinos; que ninguém se acha na Crosta do Planeta em excursão de prazeres fáceis, mas, sim, em missão de aperfeiçoamento; que a justiça não é uma ilusão e que a verdade surpreenderá toda a gente; que a existência na esfera física é abençoada oficina de trabalho, resgate e redenção e que os atos, palavras e pensamentos da criatura produzirão sempre os frutos que lhes dizem respeito, no campo infinito da vida.

Efetivamente, sabemos tudo isto.

Em face, pois, de tantos conhecimentos e informações dos planos mais altos, a beneficiarem nossos círculos felizes de trabalho espiritual, é justo ouçamos a interrogação do Divino Mestre: – Que fazeis mais que os outros?

 [*] Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. Vinha de Luz, Cap. 60.

Read Full Post »

Os mansos que herdarão a terra

Os Mansos Que Herdarão a Terra

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. (Mateus, 5: 5).

 Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz. (Salmos, 37: 11).

O Espírito Emmanuel, com a precisão e compreensão que lhe são características, grafou e nos legou para quando buscarmos analisar e interpretar o evangelho, a assertiva de que “Todas as sentenças evangélicas permanecem assinaladas de beleza e sabedoria ocultas. Indispensável meditar, estabelecer comparações no silêncio e examinar experiências diárias para descobri-las” (1). O mesmo benfeitor espiritual ainda recomenda que “Na leitura do Evangelho, é necessário fixar o pensamento nas lições divinas, para que lhe sorvamos o conteúdo de sabedoria” (2).

Reconhecemos que a simples interpretação literal nos conduz, quase sempre, a um entendimento superficial, quando não, equivocado. Os reais significados e ensinamentos do texto evangélico, como assinala Emmanuel, estão, via de regra, ocultos. Bem compreender-lhes, ainda segundo o benemérito instrutor, requer, de cada um de nós, a fixação do pensamento, a meditação e a experiência diária.

Assim, atentos a esta diretriz, busquemos compreender e meditar sobre o significado da lição transmitida pelo Divino Mestre, nas bem-aventuranças (Mateus, 5: 5) e presente também em Salmos (37: 11), respectivamente: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra”; e, “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz”.

Afinal, quem são os mansos a que se refere Jesus?

Os mansos são todos aqueles espíritos, que, aproveitando as várias oportunidades reencarnatórias no planeta Terra, se depuraram e evoluíram segundo os ensinamentos passados pelo Divino Mestre, ou seja, aqueles que verdadeiramente aprenderam e vivenciaram o amor a Deus e ao próximo; aqueles que fraternalmente contribuíram para com o desenvolvimento espiritual do planeta; aqueles que humildemente e com resignação aceitaram e suportaram as suas provas e expiações e se depuraram; aqueles que engrossaram as fileiras do trabalho redentor na seara divina; aqueles que, individual e coletivamente, contribuíram para o desenvolvimento social e científico da humanidade; aqueles que efetivamente contribuíram para o desenvolvimento de seus irmãos de caminhada na senda evolutiva.

Mas, e a terra? Que ou qual Terra, herdarão os mansos?

A terra a que se refere o Meigo Mestre é o planeta! O planeta Terra! Não se trata, portanto, de um pedaço de terra geograficamente delimitado e tampouco se refere à terra prometida.

Jesus quer nos mostrar que chegará o momento que, no planeta Terra, somente reencarnarão os espíritos que, ao longo de suas experiências, passaram a vibrar na faixa do amor, da compreensão, da caridade, da fraternidade e da liberdade.

Corroborando esse entendimento, o Espírito Cairbar Schutel (3), nos legou a seguinte mensagem:

“Quando os mansos herdarem a terra, cumprindo-se a promessa de Jesus, já não haverá lugar para os maus e os que, de qualquer forma, entravam o progresso espiritual da humanidade. Por absoluta incompatibilidade com a vibração evangélica dos bons e dos libertos, irão os mais automaticamente para as trevas exteriores. Delas retornarão um dia para a luz do Mestre, que não quer que ninguém se perca”.

“Até lá, o mundo terá alcançado tal progresso que mesmo um retorno um tanto antecipado, por acréscimo de misericórdia, de algum espírito ainda não-integralmente evangelizado, longe de causar qualquer perturbação, será estímulo sagrado para os demais, no sentido do amparo fraternal”.

O deleite na abundância de paz

É sabido que estamos vivendo a fase de transição em que o planeta Terra se elevará na escala dos mundos, deixando de ser um mundo de provas e expiações, para se tornar um mundo de regeneração.

Nesse diapasão, assim nos ensinou o Espírito de Santo Agostinho (4), quando adentra a lição sobre a progressão dos mundos:

“O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. (…) Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. (…) Segundo aquela lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus”.

Bem-aventurados, então, os dignos de permanecer junto à nova psicosfera terrestre (5), pois viverão e desfrutarão de um mundo em que a paz e a harmonia prevalecerão em abundância.

Acerca do tema, diz ainda o Espírito de Cairbar Schutel, obra citada: “Reinarão os bons de forma absoluta e total, sob a égide do Divino Mestre e de seus prepostos”.

Mas, e os que não herdarem a Terra? Poderão a ela retornar algum dia?

Deixemos a resposta desta intrigante questão a cargo do Espírito Cairbar Schutel, mesma obra:

“E que as bênçãos do Criador e de Jesus amparem os Exilados da Terra para que, em breve, retornem à casa abençoada, que a Divina Misericórdia lhes concedeu habitarem no universo. E se escolherem por permanecer no Novo Lar, a que serão conduzidos para aprendizado bendito, que as bênçãos de Deus lhes possibilitem, nessa nova seara, um trabalho profícuo no campo da evangelização coletiva”.

Somos os mansos e dignos que herdarão e permanecerão na Terra? As nossas lutas, experiências e vivências diárias responderão.

(1) Xavier, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, Cap. 95, Procuremos.

(2) _____.  Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, Cap. 126, Obediência construtiva.

(3) Armond, Edgard. A Hora do Apocalipse. Editora Aliança, p. 130.

(4)  Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. III, Item 19.

(5) Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. (Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. III, item 17).

Os Mansos que herdarão a Terra, por José Márcio de Almeida; do Livro Semeando o Evangelho, p. 26-34.

Read Full Post »

DA AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA [*]

52. Posta de lado a opinião materialista, porque condenada pela razão e pelos fatos, tudo se resume em saber se a alma, depois da morte, pode manifestar-se aos vivos. Reduzida assim à sua expressão mais singela, a questão fica extraordinariamente desembaraçada. Caberia, antes de tudo, perguntar por que não poderiam seres inteligentes, que de certo modo vivem no nosso meio, se bem que invisíveis por natureza, atestar-nos de qualquer forma sua presença. A simples razão diz que nisto nada absolutamente há de impossível, o que já é alguma coisa. Demais, esta crença tem a seu favor o assentimento de todos os povos, porquanto com ela deparamos em toda parte e em todas as épocas. Ora, nenhuma intuição pode mostrar-se tão generalizada, nem sobreviver ao tempo, se não tiver algum fundamento. Acresce que se acha sancionada pelo testemunho dos livros sagrados e pelo dos Pais da Igreja, tendo sido preciso o cepticismo e o materialismo do nosso século para que fosse lançada ao rol das ideias supersticiosas. Se estamos em erro, aquelas autoridades o estão igualmente. Mas, isso não passa de considerações de ordem moral. Uma causa, especialmente, há contribuído para fortalecer a dúvida, numa época tão positiva como a nossa, em que toda gente faz questão de se inteirar de tudo, em que se quer saber o porquê e o como de todas as coisas. Essa causa é a ignorância da natureza dos Espíritos e dos meios pelos quais se podem manifestar. Adquirindo o conhecimento daquela natureza e destes meios, as manifestações nada mais apresentam de espantosas e entram no cômputo dos fatos naturais.

53. A ideia que geralmente se faz dos Espíritos torna à primeira vista incompreensível o fenômeno das manifestações. Como estas não podem dar-se, senão exercendo o Espírito ação sobre a matéria, os que julgam que a ideia de Espírito implica a de ausência completa de tudo o que seja matéria perguntam, com certa aparência de razão, como pode ele obrar materialmente. Ora, aí o erro, pois que o Espírito não é uma abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui a alma. Quando o deixa, por ocasião da morte, não sai dele despido de todo o envoltório. Todos nos dizem que conservam a forma humana e, com efeito, quando nos aparecem, trazem as que lhes conhecíamos.

Observemo-los atentamente, no instante em que acabem de deixar a vida; acham-se em estado de perturbação; tudo se lhes apresenta confuso, em tomo; veem perfeito ou mutilado, conforme o gênero da morte, o corpo que tiveram; por outro lado se reconhecem e sentem vivos; alguma coisa lhes diz que aquele corpo lhes pertence e não compreendem como podem estar separados dele. Continuam a ver-se sob a forma que tinham antes de morrer e esta visão, nalguns, produz, durante certo tempo, singular ilusão: a de se crerem ainda vivos. Falta-lhes a experiência do novo estado em que se encontram, para se convencerem da realidade. Passado esse primeiro momento de perturbação, o corpo se lhes torna uma veste imprestável de que se despiram e de que não guardam saudades. Sentem-se mais leves e como que aliviados de um fardo. Não mais experimentam as dores físicas e se consideram felizes por poderem elevar-se, transpor o espaço, como tantas vezes o fizeram em sonho, quando vivos (1). Entretanto, mau grado à falta do corpo, comprovam suas personalidades; têm uma forma, mas que os não importuna nem os embaraça; têm, finalmente, a consciência de seu eu e de sua individualidade. Que devemos concluir daí? Que a alma não deixa tudo no túmulo, que leva consigo alguma coisa.

(1) Quem se quiser reportar a tudo o que dissemos em O Livro dos Espíritos sobre os sonhos e o estado do Espírito durante o sono (ns. 400 a 418), conceberá que esses sonhos que quase toda gente tem, em que nos vemos transportados através do espaço e como que voando, são mera recordação do que o nosso Espírito experimentou, quando, durante o sono, deixara momentaneamente o corpo material, levando consigo apenas o corpo fluídico, o que ele conservará depois da morte. Esses sonhos, pois, nos podem dar uma ideia do estado do Espírito, quando se houver desembaraçado dos entraves que o retêm preso ao solo.

54. Numerosas observações e fatos irrecusáveis, de que mais tarde falaremos, levaram à consequência de que há no homem três componentes:

1º, a alma, ou Espírito, princípio inteligente, onde tem sua sede o senso moral;

2º, o corpo, invólucro grosseiro, material, de que ele se revestiu temporariamente, em cumprimento de certos desígnios providenciais;

3º, o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de ligação entre a alma e o corpo.

A morte é a destruição, ou, antes, a desagregação do envoltório grosseiro, do invólucro que a alma abandona. O outro se desliga deste e acompanha a alma que, assim, fica sempre com um envoltório. Este último, ainda que fluídico, etéreo, vaporoso, invisível, para nós, em seu estado normal, não deixa de ser matéria, embora até ao presente não tenhamos podido assenhorear-nos dela e submetê-la à análise.

Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento; é, em suma, esse agente misterioso, imperceptível, conhecido pelo nome de fluido nervoso, que desempenha tão grande papel na economia orgânica e que ainda não se leva muito em conta nos fenômenos fisiológicos e patológicos.

Tomando em consideração apenas o elemento material ponderável, a Medicina, na apreciação dos fatos, se priva de uma causa incessante de ação. Não cabe, aqui, porém, o exame desta questão. Somente faremos notar que no conhecimento do perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis.

O perispírito não constitui uma dessas hipóteses de que a ciência costuma valer-se, para a explicação de um fato. Sua existência não foi apenas revelada pelos Espíritos, resulta de observações, como teremos ocasião de demonstrar. Por ora e por nos não anteciparmos, no tocante aos fatos que havemos de relatar, limitar-nos-emos a dizer que, quer durante a sua união com o corpo, quer depois de separar-se deste, a alma nunca está desligada do seu perispírito.

55. Hão dito que o Espírito é uma chama, uma centelha. Isto se deve entender com relação ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, a que se não poderia atribuir forma determinada. Mas, qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva na hierarquia espiritual. De sorte que, para nós, a ideia de forma é inseparável da de Espírito e não concebemos uma sem a outra. O perispírito faz, portanto, parte integrante do Espírito, como o corpo o faz do homem. Porém, o perispírito, só por só, não é o Espírito, do mesmo modo que só o corpo não constitui o homem, porquanto o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua ação.

56. Ele tem a forma humana e, quando nos aparece, é geralmente com a que revestia o Espírito na condição de encarnado. Daí se poderia supor que o perispírito, separado de todas as partes do corpo, se modela, de certa maneira, por este e lhe conserva o tipo; entretanto, não parece que seja assim. Com pequenas diferenças quanto às particularidades e exceção feita das modificações orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos. Pelo menos, é o que dizem os Espíritos. Essa igualmente a forma de todos os Espíritos não encarnados, que só têm o perispírito; a com que, em todos os tempos, se representaram os anjos, ou Espíritos puros. Devemos concluir de tudo isto que a forma humana é a forma tipo de todos os seres humanos, seja qual foro grau de evolução em que se achem. Mas a matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da matéria compacta do corpo; é, se assim nos podemos exprimir, flexível e expansível, donde resulta que a forma que toma, conquanto decalcada na do corpo, não é absoluta, amolga-se à vontade do Espírito, que lhe pode dar a aparência que entenda, ao passo que o invólucro sólido lhe oferece invencível resistência.

Livre desse obstáculo que o comprimia, o perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua. Por efeito dessa propriedade do seu envoltório fluídico, é que o Espírito que quer dar-se a conhecer pode, em sendo necessário, tomar a aparência exata que tinha quando vivo, até mesmo com os acidentes corporais que possam constituir sinais para o reconhecerem.

Os Espíritos, portanto, são, como se vê, seres semelhantes a nós, constituindo, ao nosso derredor, toda urna população, invisível no estado normal. Dizemos – no estado normal, porque, conforme veremos, essa invisibilidade nada tem de absoluta.

57. Voltemos à natureza do perispírito, pois que isto é essencial para a explicação que temos de dar. Dissemos que, embora fluídico, o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria, o que decorre do fato das aparições tangíveis, a que volveremos. Sob a influência de certos médiuns, tem-se visto aparecerem mãos com todas as propriedades de mãos vivas, que, como estas, denotam calor, podem ser palpadas, oferecem a resistência de um corpo sólido, agarram os circunstantes e, de súbito, se dissipam, quais sombras. A ação inteligente dessas mãos, que evidentemente obedecem a uma vontade, executando certos movimentos, tocando até melodias num instrumento, prova que elas são parte visível de um ser inteligente invisível. A tangibilidade que revelam, a temperatura, a impressão, em suma, que causam aos sentidos, porquanto se há verificado que deixam marcas na pele, que dão pancadas dolorosas, que acariciam delicadamente, provam que são de uma matéria qualquer. Seus desaparecimentos repentinos provam, além disso, que essa matéria é eminentemente sutil e se comporta como certas substâncias que podem alternativamente passar do estado sólido ao estado fluídico e vice-versa.

58. A natureza íntima do Espírito propriamente dito, isto é, do ser pensante, desconhecemo-la por completo. Apenas pelos seus atos ele se nos revela e seus atos não nos podem impressionar os sentidos, a não ser por um intermediário material. O Espírito precisa, pois, de matéria, para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito, como o homem tem o corpo. Ora, o perispírito é matéria, conforme acabamos de ver. Depois, serve-lhe também de agente intermediário o fluido universal, espécie de veículo sobre que ele atua, como nós atuamos sobre o ar, para obter determinados efeitos, por meio da dilatação, da compressão, da propulsão, ou das vibrações.

Considerada deste modo, facilmente se concebe a ação do Espírito sobre a matéria. Compreende-se, desde então, que todos os efeitos que daí resultam cabem na ordem dos fatos naturais e nada têm de maravilhosos. Só pareceram sobrenaturais, porque se lhes não conhecia a causa. Conhecida esta, desaparece o maravilhoso e essa causa se inclui toda nas propriedades semimateriais do perispírito. E uma ordem nova de fatos que uma nova lei vem explicar e dos quais, dentro de algum tempo, ninguém mais se admirará como ninguém se admira hoje de se corresponder com outra pessoa, a grande distância, em alguns minutos, por meio da eletricidade.

59. Perguntar-se-á, talvez, como pode o Espírito, com o auxilio de matéria tão sutil, atuar sobre corpos pesados e compactos, suspender mesas, etc. Semelhante objeção certo que não será formulada por um homem de ciência, visto que, sem falar das propriedades desconhecidas que esse novo agente pode possuir, não temos exemplos análogos sob as vistas? Não é nos gases mais rarefeitos, nos fluidos imponderáveis que a indústria encontra os seus mais possantes motores? Quando vemos o ar abater edifícios, o vapor deslocar enormes massas, a pólvora gaseificada levantar rochedos, a eletricidade lascar árvores e fender paredes, que dificuldades acharemos em admitir que o Espírito, com o auxilio do seu perispírito, possa levantar uma mesa, sobretudo sabendo que esse perispírito pode tornar-se visível, tangível e comportar-se como um corpo sólido?

[*] Allan Kardec, O Livros dos Médiuns, Segunda Parte, Cap. I.

Read Full Post »

Pluralidade dos Mundos

PLURALIDADE DOS MUNDOS [*]

55. Todos os globos que circulam no espaço são habitados?

– Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus criou o universo só para eles.

Deus povoou os mundos com seres vivos, todos convergindo para o objetivo final da Providência. Acreditar que só existem seres vivos no planeta que habitamos seria colocar em dúvida a sabedoria de Deus, que não faz nada inútil. A cada um desses mundos Deus deve ter dado uma destinação mais séria do que divertir as nossas vistas. Nada, aliás, nem pela posição, nem pelo volume, nem pela constituição física da Terra, pode razoavelmente fazer supor que seja a única a ter o privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes.

56. A constituição física dos diferentes globos é a mesma?

– Não. Não se assemelham em nada.

57. Como a constituição física dos mundos não é a mesma, podemos concluir que os seres que os habitam têm corpos e uma organização diferente?

– Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água e os pássaros, no ar.

58. Os mundos mais afastados do Sol são privados da luz e do calor, já que o Sol apenas se mostra para eles com a aparência de uma estrela?

– Acreditais então que não há outras fontes de luz e de calor além do Sol, e não considerais o valor e a importância da eletricidade que, em alguns mundos, desempenha um papel que vos é desconhecido e muito mais importante do que na Terra? Aliás, já dissemos que os seres desses mundos não são nem da mesma matéria nem têm os órgãos dispostos como os vossos.

As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio em que vivem. Se nunca tivéssemos visto peixes, não compreenderíamos que seres pudessem viver na água. É assim em outros mundos, que contêm, sem dúvida, elementos que nos são desconhecidos. Não vemos, na Terra, longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? O que há de impossível em que, em certos mundos, a eletricidade seja mais abundante do que na Terra e tenha aplicações e funções, cujos efeitos não podemos compreender? Esses mundos podem, portanto, conter em si mesmos as fontes de calor e de luz necessárias aos seus habitantes.

 [*] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Parte Primeira, Cap. III.

Read Full Post »

Older Posts »