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Archive for julho \01\-03:00 2014

A COPA DO MUNDO, AS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS E A PÁTRIA DO EVANGELHO [*]

O progresso social pressupõe o fortalecimento da percepção de cada cidadão exercer bem sua função e colaborar para a paz social.

Chico Xavier dizia que desejava desencarnar num dia em que os brasileiros estivessem em festa, o que de fato ocorreu, quando da conquista do mundial de 2002.

O Brasil é o país do futebol e o momento mais importante desse esporte, seja para quem joga, seja para quem torce, é a Copa do Mundo.

Para sediar o evento neste ano, o país vem gastando altas cifras na construção de estádios e obras de infraestrutura. O problema é que a FIFA – federação internacional que dirige o futebol no mundo – e os governantes não sabiam que haveria uma pedra no meio do caminho: o povo brasileiro.

O apaixonado público-alvo do futebol resolveu rebelar-se. As inesquecíveis manifestações de junho de 2013 giraram em torno de diversos pontos, entre os quais mobilidade urbana, saúde, educação, descaso com a ética pública e a promoção da Copa do Mundo. De lá para cá, os temas e os gritos voltam à tona.

A voz das ruas simboliza a essência da República: todo poder emana do povo. E isso não pode ser desprezado, pois, afinal, todo o aparato estatal somente se justifica  se  tiver  como  fi m  a  prevalência do interesse público, em sua real acepção.

Esse contexto fático nos estimula a refletir sobre a espiritualidade externada por Humberto de Campos no sentido de ser o Brasil a Pátria do Evangelho. A conhecida obra do escritor narra os bastidores espirituais dos primórdios da formação do país até o advento da República, ponto de aquisição de sua “maioridade coletiva”.

O significado da expressão “Pátria do Evangelho” é dado, no prefácio da obra, por Emmanuel: “se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materializadas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do Espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz”.

Desenvolver a consciência ética, pautada pelo respeito ao próximo como condição para o progresso social e individual, é o caminho para a prática efetiva de condutas que redundarão no cumprimento da tarefa espiritual projetada para o Brasil.

Vê-se que essa projeção consiste num processo contínuo no tempo, que requer trabalho e esforço para se alcançarem os resultados pretendidos. Também se nota a importância da atividade humana como meio de atingir o ideal proposto.

Diante disso, pergunta-se: será razoável que o Brasil gaste dinheiro público com a construção de estádios, enquanto tantas pessoas não têm o que comer nem onde morar?

Ou, ainda: são legítimos tais gastos enquanto a saúde e a educação públicas encontram-se em estado precário? Em outras palavras: as reivindicações populares são justas e adequadas?

A premissa para a consolidação da Pátria do Evangelho coincide com o dever de se respeitar o próximo. Não é possível pensar numa sociedade livre, justa e solidária com desprezo à dor alheia. O respeito ao outro é um dever de todo cidadão, porém ainda mais daqueles que exercem funções públicas.

Logo, o descaso com a coisa pública gera o direito do povo – fonte do poder público – de se indignar.

A participação popular, aliás, é um importante mecanismo de transformação social.

Ponto que merece atenção quanto a esse direito típico de sociedades democráticas reside na necessidade de exercê-lo com equilíbrio, abstendo–se de condutas violentas. Ao mesmo tempo em que foi lindo ver a massa humana nas ruas das principais capitais do país, de modo pacífico, clamando por justiça, é triste continuar vendo uma minoria que opta por atos de vandalismos inconsequentes.

Assim, o presente momento permite algumas lições. Qual a parte que nos cabe para banhar, com a luz da fraternidade e do amor ao próximo, as atividades humanas?

À medida que um povo amadurece, e com ele a noção de direito, o que é público passa também a abranger as atividades privadas. Ou seja, independentemente da situação em que cada qual se encontra – se na vida pública ou privada –, o dever de promover o bem comum se impõe.

Com isso, é preciso desenvolver uma consciência coletiva e individual de que nossos atos repercutem, positiva ou negativamente, na sociedade como um todo. O progresso social pressupõe o fortalecimento da percepção de cada cidadão de que exercer bem sua função – qualquer que seja a natureza desta – é colaborar para a paz social.

Desenvolver a consciência ética, pautada pelo respeito ao próximo como condição para o progresso social e individual, é o caminho para a prática efetiva de condutas que redundarão no cumprimento da tarefa espiritual projetada para o Brasil.

O grito contrário à Copa do Mundo ecoa mundo afora. Que possa ser interpretado e compreendido como um clamor por maior atenção em relação ao destinatário de toda a construção cristã e do pensamento jurídico contemporâneo: o povo.

Se o Brasil der essa contribuição para a comunidade internacional, haverá avanço.

Migrar da terra do futebol para a Pátria do Evangelho, eis o desafio de todos nós, cidadãos brasileiros, mas espíritos universais que ora aqui nos encontramos.

[*] Tiago Cintra Essado. Presidente da AJE-Brasil – Associação Jurídico-Espírita do Brasil. Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo de junho de 2014.

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Misericórdia e Justiça

MISERICÓRDIA E JUSTIÇA [*]

O Espiritismo ensina que Deus rege o Mundo com base em leis perfeitas, plenas de justiça e misericórdia.

Nenhum ato moral de Suas criaturas fica sem consequências.

Sempre há a justa resposta, dada no tempo certo.

Como se trata de um Pai amoroso, a incidência de Suas leis objetiva o aperfeiçoamento de todos.

A opção pelo bem é sempre premiada com maiores recursos.

Uma atmosfera de paz e oportunidades forma-se ao derredor de quem se esforça em ser digno e bondoso.

De tempos em tempos, o amante do bem é defrontado com testes, a fim de que cresça ainda mais.

Mas sempre com o devido amparo das forças celestes.

O equivocado também segue sob os auspícios do Alto.

Ao longo dos séculos, os equívocos preponderaram.

Muitos se permitiram atos de pirataria e rapinagem, pelos quais semearam a tragédia na vida do semelhante.

Outros lucraram com a escravidão.

Houve guerras e perseguições de índole racial e religiosa.

Não raros se dispuseram a desempenhar o triste papel de sedutores, na busca de prazeres efêmeros.

Ainda hoje, há quem faça da fé objeto de comércio.

Na política, persiste a busca do interesse próprio, por trás dos belos discursos.

Todos esses desatinos são objeto de minucioso registro na consciência de cada um.

A fim de permitir o soerguimento moral, a misericórdia divina providencia o esquecimento.

A cada encarnação, o Espírito tem a oportunidade de recomeçar.

Contudo, o registro do que ele fez persiste indelével em sua estrutura íntima.

As figuras genuinamente virtuosas são um tanto raras na história da Humanidade.

Assim, para o homem comum a recordação plena do que viveu no curso dos milênios seria desastrosa.

Se todas as consequências de seus atos o atingissem de uma vez, ele não resistiria.

A excelsa compaixão, atenta à fragilidade humana, permite que se pague no varejo o débito contraído no atacado.

Ela consente que o Espírito esqueça o mal que fez e se reconstrua no bem, mediante pequenas lutas e conquistas.

Entretanto, é necessário realmente optar pelo bem.

Após tantas existências, para a Humanidade terrena o tempo urge.

Uma nova era de paz e responsabilidade se avizinha e é preciso ser digno dela.

O momento reclama uma boa aplicação dos próprios talentos.

Como a reabilitação é necessária, um contínuo abuso da misericórdia funcionará como um clamor para a incidência da justiça.

Ciente disso, reflita sobre o que tem feito dos recursos amorosamente depositados em suas mãos pelo Excelso Poder.

Pondere que o auxílio ao próximo é um dever, não um favor.

A Providência desde sempre lhe ampara os passos enquanto aguarda que você aprenda justamente a lição da fraternidade.

Pense nisso.

[*] Fonte: Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita (Momento de Reflexão).

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Fidelidade a Jesus

FIDELIDADE A JESUS [*]

Houve, em tempos passados, uma localidade denominada Sebastes. Situava-se entre a Judéia e a Síria. Foi ali que quarenta legionários da 12ª Legião Romana deram sua vida por amor à Verdade.

Presos por professarem o Cristianismo, os quarenta jovens marcharam saindo da cidade, escoltados por outros tantos soldados.

À frente se desenhava o lago de águas tristes e frias. O sol se afundava na direção do poente e o vento soprava gelado.

Os tambores soavam, ditando o ritmo da marcha. E os prisioneiros foram entrando no lago. Um passo, dois, três, dez, vinte. Os pés foram chapinhando a água e eles entrando mais e mais. Só ficaram as cabeças descobertas fora d’água.

Os superiores haviam lhes decretado uma terrível forma de morrer. Ali parados, impassíveis e silenciosos iam morrer enregelados.

As luzes do crepúsculo se envolveram num manto dourado e se retiraram, deixando que a noite se apresentasse com seu cortejo de estrelas.

Ao redor do lago, nas margens, familiares e amigos oravam silenciosos. E silenciosos permaneciam os jovens dentro d’água.

Então, em nome de César, falou um Oficial. Eles eram jovens e levando em conta a sua inexperiência, seriam perdoados se jurassem fidelidade aos deuses protetores do Império.

Era tudo muito simples. Bastava queimar algumas ervas, perante o improvisado altar a Júpiter Olímpico, na outra margem do lago.

Dentro do lago, nem um mínimo movimento. O ar foi se fazendo mais frio e uma névoa começou a se erguer das águas.

Os guardas acendiam fogueiras nas margens, batiam as mãos, andavam para se aquecer. Mas os quarenta legionários ficaram imóveis.

Então, eles começaram a cantar e mais forte do que o vento, o hino se ergueu como um grito vitorioso.

Era como uma cascata de esperanças feita de fé, ternura e renúncia.

Uma a uma, no transcorrer das horas, aquelas chamas foram se apagando na Terra, para tremeluzirem na Espiritualidade.

Quando nasceu o dia, somente um vivia. Um guarda se aproximou de uma mulher e lhe disse que seu filho vivia. Como ele vivera até então, teria sua vida poupada. Que ela o retirasse das águas, e, em nome dele, oferecesse sacrifício aos deuses romanos.

“Nunca.” Foi a resposta dela. “Se ele consciente não o fez, como poderia me aproveitar da sua agonia para traí-lo?”

Firmemente avançou para as águas e ali esteve com o filho até que o coração dele parou de bater. Depois, apertando-o firmemente nos braços, tomou o seu corpo e o veio depositar aos pés do oficial da guarda.

* * *

Há dois mil anos, na Judéia, um Homem amou e morreu por muito amar. A maravilhosa fé que soube despertar teve o poder de modificar vidas.

A Sua voz convidava para viver a verdadeira vida, a vida que se desdobra para além da morte.

Dentre os Seus ensinos, lembramos: Quem perseverar até o fim, este será salvo.

Quem crer em Mim mesmo morto viverá.

A Sua mensagem atravessou os séculos e permanece viva até hoje, estabelecendo diretrizes seguras aos Seus seguidores.

A Sua é a mensagem do amor, da fé, da fidelidade até o fim.

Fonte: Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. XXVIII do livro A esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim. (Momento de Reflexão).

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Tudo é Para o Bem!

TUDO É PARA O BEM! [*]

Havia um homem judeu de nome Mahum, que significa Também. Chamavam-no assim porque para tudo o que lhe acontecesse, por pior que fosse, ele afirmava, com toda convicção: Isto também é para o bem!

Se a chuva lhe destroçasse o jardim ou a enxurrada lhe destruísse o labor da horta, repetia sempre: Isto também é para o bem.

E, sem titubear, colocava-se no trabalho de reconstrução do jardim e da horta.

Se a enfermidade o alcançasse, falava: Isto também é para o bem. Medicava-se e aguardava a recomposição das forças físicas, retornando ao labor incessante.

Certa noite, Mahum precisou se deslocar até à cidade vizinha.

Preparou seu burrico, que lhe seria o meio de transporte, o galo que funcionava como seu relógio e despertador, e uma lamparina para que lhe iluminasse o caminho.

Ela deveria servir, inclusive, para que, antes de repousar no seio da floresta que deveria atravessar, pudesse se deter na leitura das escrituras.

Noite alta e ele no coração da floresta. De repente, o óleo da lamparina derramou e ela se apagou. Ele ficou às escuras. Inesperadamente, o galo começou a passar mal e morreu. Não demorou muito e foi o burrico.

O pobre homem ficou sozinho, na escuridão da floresta, em meio a ruídos estranhos e assustadores.

Mesmo assim, afirmou sem medo: Tudo o que Deus faz é para o bem.

Acomodou-se como pôde e dormiu.

No dia seguinte, o sol o veio despertar, vencendo a fechada copa das árvores. Ele prosseguiu viagem a pé. Quando, muitas horas depois, chegou à cidade, seus conhecidos o olharam com espanto.

Todos pareciam estar vendo um fantasma. Por fim, lhe perguntaram:

Como pode você estar vivo? Soubemos que, ontem à noite, foram despachados soldados romanos à floresta, com o intuito de matá-lo!

Foi então que Mahum explicou tudo que havia acontecido, concluindo: Se minha lamparina não tivesse apagado, o galo e o burrico morrido, com certeza estaria morto. Pois o clarão da lamparina, o zurrar do burrico e o cacarejar do galo denunciariam o local onde me encontrava.

Bem posso continuar a dizer: “Tudo o que Deus faz é para o bem”.

* * *

Quando a tormenta se faz mais violenta e as dores se tornam mais acerbas, é o momento de se ponderar porque elas nos atingem.

O bom senso nos dirá sempre que razões poderosas existem, assentadas no ontem remoto ou no passado recente, porque a Divina Providência tudo estabelece no momento próprio e na medida exata.

Deus é sempre a sabedoria suprema e a justiça perfeita, atendendo as mínimas necessidades dos Seus filhos, no objetivo maior do progresso e da redenção.

Fonte: Redação do Momento Espírita com base em texto do Correio Fraterno do ABC, de maio/1998. (Momento de Reflexão)

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Luz Imperecível

LUZ IMPERECÍVEL

Luz Imperecível_Capa

Neste livro, está o resultado do esforço de muitos que, identificados com a importância da mensagem do Evangelho, compreendida em sua pureza e simplicidade dos primeiros tempos, dedicaram-se e continuam se dedicando ao estudo sistemático da Boa Nova, à luz da Doutrina Espírita. Empenhados, anos afora, em reuniões carinhosamente denominadas “miudinho”, puderam esses companheiros recolher para a sua safra incansável luta de renovação. O alcance da proposta atingiria novas perspectivas, era imperioso levar a experiência a outros corações, esta obra concretiza este objetivo e, sem dúvida, poderá favorecer a todos quantos, sintonizados com o sentido do crescimento espírita, empenham-se otimistas e confiantes, na busca do aperfeiçoamento espiritual com o Cristo.

Obra destinada aos que buscam conhecer e aqueles que se dedicam ao estudo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, segundo o método “Miudinho” (estudo minucioso do Evangelho de Jesus) que resgata a pureza e a simplicidade do Cristianismo dos primeiros tempos. Autor: Honório Onofre de Abreu; Editora: UEM (Cód. 4209).

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