Mateus, do hebraico Mattiyyah, significa dom de Deus, presente de Deus ou dádiva de Deus, era o outro nome de Levi, o Publicano (9:9) que deixou tudo para seguir Jesus (Lc 5:27-28). Ele foi um dos doze Apóstolos (10:3; Mc 3:19; Lc 6:15; At 1:13). Ele próprio se intitula o publicano (10:3). Somente no Evangelho que leva o seu nome ele é chamado publicano; em todos os demais é chamado de Levi.
Mateus escreveu o “seu” Evangelho para o público Judeu. “Seu” Evangelho faz mais de sessenta citações das profecias do Antigo Testamento que anunciavam o advento do Cristo para demonstrar que Jesus é o Cristo, o Messias, o Rei dos Reis. Para Mateus, Jesus é o cumprimento de todas as profecias. As abordagens principais de “seu” Evangelho, baseadas que estão no Antigo Testamento, são feitas com base nas expectativas messiânicas do Povo de Israel (2:17-18; 4:13-15; 13:35; 21:4-5; 27:9-10).
Outrossim, corroborando o entendimento acima, Mateus cita muito dos costumes judaicos da época de Jesus, sem, contudo, explicá-los, diferentemente dos outros evangelistas. Ele se refere a Jesus, constantemente, como sendo o Filho de Davi e se refere, ao nome de Deus com uma sensibilidade muito própria, como os Judeus faziam: ele se refere a reino dos Céus, ao passo que os demais evangelistas se valem da expressão reino de Deus. A expressão reino dos Céus aparece trinta e duas vezes em “seu” Evangelho.
Ademais, a genealogia de Jesus, logo no primeiro capítulo, busca demonstrar as credenciais do Cristo como o legítimo Rei de Israel; para Mateus, Jesus é o herdeiro da linhagem real de Davi. Ao longo de todo o livro Mateus demonstra, cabalmente, que o Cristo Jesus é o cumprimento das dezenas de profecias do Antigo Testamento.
O Evangelho segundo Mateus registra cinco grandes sermões: o sermão da montanha (capítulos 5 a 7), o comissionamento dos Apóstolos (capítulo 10), as parábolas sobre o Reino (capítulo 13), um sermão da semelhança do crente com uma criança (capítulo 18) e o sermão da segunda vinda (capítulos 24 e 25).
O conflito entre Jesus e os Fariseus é outro tema comum em “seu” Evangelho; também menciona os Saduceus mais que qualquer dos outros Evangelhos. Segundo Mateus, as doutrinas dos Fariseus e Saduceus é um fermento que deve ser evitado (16:11-12). Mateus também retrata, como nenhum dos outros Evangelhos, os veementes, duros e frontais ataques que são proferidos contra Jesus.
Alguns eventos somente são encontrados em “seu” Evangelho: o sonho de José (1:20-24); a visita dos magos (2:1-12); a fuga para o Egito (2:13-15); A matança de Herodes (2:16-18); o arrependimento de Judas (27:3-10; At 1:18-19); o sonho da mulher de Pilatos (27:19); outros aparecimentos do Cristo ressurreto (27:52); o suborno dos soldados (28:11-15); e, a grande comissão (18:19-20).
A principal doutrina de Mateus é de que Jesus é o Messias (2:17-18; 4:13-15; 13:35; 21:4-5; 27:9). Em “seu” Evangelho Mateus nos apresenta alguns dos atributos da divindade: Deus é acessível (6:6; 27:51); Deus é bom (5:45; 19:17); Deus é santo (13:41); Deus é magnânimo (23:37; 24:48-51); Deus é perfeito (5:48); Deus é poderoso (6:13; 10:28; 19:26; 22-29); Deus é providente (6:26,33-34; 10:9,29-30); Deus é incomparável (19:17); Deus é único (4:10; 19:17); e, Deus é sábio (6:8,18; 10:29-30; 24:36).
Enfim, para Mateus, Jesus é o Rei vitorioso que um dia virá nas nuvens do céu com poder e grande glória (24:30).
O Evangelho segundo Mateus possui vinte e oito capítulos e mil e oitenta e quatro versículos e é chamado de um dos Evangelhos sinóticos (do grego sýn + optico, ver junto ou ver em conjunto); os outros são os Evangelhos segundo Marcos e Lucas. Esses três Evangelhos relatam uma série de episódios em comum e na mesma sequência do ministério de Jesus. A estes três – sinóticos – acrescentemos o Evangelho segundo João.
Entendendo a estrutura do Novo Testamento: o Evangelho segundo Mateus, por José Márcio de Almeida. Fonte: Jornal Correio Fraterno nº 75, Fevereiro/2017, p. 6.