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Archive for março \30\-03:00 2016

Semana Chico Xavier 2016 UEM

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Espiritismo com Espíritos!

Tema Blog ED

O artigo intitulado Espíritos Sem Espiritismo pode ser encontrado em vários sítios da rede mundial de computadores, bastando, para tal, o acesso às conhecidas ferramentas de busca.

O referido artigo chamou-me sobremaneira a atenção e após a sua leitura e releitura, senti-me no dever de trazer à luz outros argumentos e elementos que possam contribuir com a formação, seja qual lado for, das convicções alheias, sobretudo, dos neófitos em Doutrina Espírita.

Começando pelo fim, direi apenas, contrário ao que sustenta a autora do artigo, que se pergunta “onde o contraditório (…) dentro de uma Doutrina [a Espírita] (…)?!”, que esta, a autora, ao emitir sua opinião e/ou defender a sua tese contestando os argumentos em sentido contrário, está, de forma ampla e irrestrita, exercendo o contraditório, um princípio jurídico que, além de representar a refutação de uma tese por outra no momento processual oportuno, quer significar também, tanto o direito de ação quanto o direito de defesa.

Voltarei a este ponto no final, ao tratar do tema levantado pela autora sobre a casuística ufológica e o princípio da pluralidade dos mundos habitados.

De início parece que a autora irá fazer apologia da preservação da pureza doutrinária espírita. Ledo engano! Cogita a autora, “em futuro muito próximo a necessidade real (…) de uma modalidade emergencial, mas eficaz, de propagação destas Verdades Maiores: os Espíritos sem o dito Espiritismo” (o grifo é nosso). As “Verdades Maiores” são os ensinamentos transmitidos pelos espíritos!…

Notem a forma desrespeitosa com que a autora se refere à Doutrina Espírita: “dito Espiritismo”. Esquece-se – ou não sabe? – que o Espiritismo é uma doutrina filosófica, científica e religiosa? Ou ainda, como disse e a apresentou Emmanuel em O Consolador, psicografia de Francisco Cândido Xavier, um “triângulo de forças espirituais”?

Ignora a autora que a Doutrina Espírita é a terceira revelação das Leis de Deus, apresentada por Kardec no capítulo I, de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, e suas relações com o mundo corporal (…)”. Nesse diapasão é o Espírito Fénelon, na mesma obra, quem afirma: “O Espiritismo é de ordem divina, uma vez que repousa sobre as leis da Nartureza, e crede que tudo o que é de ordem divina tem um objetivo grande e útil”.

Logo, não é o “dito Espiritismo”, mas sim a Doutrina Espírita!

A autora generaliza algo que deve ter ocorrido em sua esfera de atuação ao afirmar que “é cada vez mais frequente a quantidade de adeptos e simpatizantes lúcidos do Espiritismo que se queixam (…): a tendência ao dogma! À inflexibilidade e intolerância dentro do próprio meio onde interagem pessoas que a priori, deveriam se preocupar mais, e isto sim, com o direcionamento que eles, os nossos amigos desencarnados e providos de outras dimensões mais avançadas da Vida, nos têm a oferecer e dizer de útil (…)”. Pergunto-me: refere-se ela, ao dizer “inflexibilidade e intolerância dentro do próprio meio”, ao cuidado e zelo com que os dirigentes das Casas Espíritas têm ao exigir do trabalhador da casa, em particular e a título de exemplo, aos que irão militar nas atividades de intercâmbio mediúnico – parece-me que é a isto que ela se refere ao mencionar sobre o que tem os “amigos desencarnados e providos de outras dimensões (…) a nos oferecer e dizer” – que, antes, estudem, conheçam e vivam a Doutrina Espírita? Que, necessariamente, cumpram o roteiro estabelecido pelo ESDE? Ou que estudem a fundo O Livro dos Médiuns e O Livro dos Espíritos? Representa isso um ritual ou um dogma? Reflitamos…

É agindo exatamente assim, sendo cautelosos e disciplinados, preservando a pureza doutrinária, que estes dirigentes se pautam “pela sensatez presente na mensagem maior da Espiritualidade”.

Como se nota, o que está por detrás destas considerações é um ataque à Doutrina Espírita tal e que fora codificada por Allan Kardec. O Benfeitor espiritual Emmanuel, certa feita, asseverou ao médium Francisco Cândido Xavier que se ele, Emmanuel, contradissesse Jesus e Kardec, que, ele, Chico, se afastasse dele, Emmanuel e ficasse com Jesus e Kardec. Ora! O que propõe a autora do artigo?

Para ela, por exclusão, tudo o que oponha “resistências às novidades da hora que passa”, deve ser descartado, inclusive Kardec! Mais adiante ela vai dizer, textualmente, que “o conteúdo destas importantes obras de Kardec não são o fim da linha”. Por óbvio não são o fim da linha, são o início. E, mais: não são só importantes obras as de Kardec, são as obras fundamentais! Tem aí uma enorme e marcante diferença! Meu Deus!…

Fala depois sobre as colônias espirituais. Uma divagação infrutífera e que não leva a nenhuma conclusão nova. Chove no molhado! Fica no lugar comum! Nada acrescenta de novo! Desenvolve um raciocínio simplista e ingênuo!

Mais adiante vem dizer sobre a ufologia. Nada temos contra, ao contrário, a respeitamos, assim como respeitamos todas as demais crenças, filosofias, doutrinas, ciências, etc. Não a atacamos de forma gratuita, aberta ou veladamente!

De onde vêm as “imposições ritualísticas” e as “exigências descabidas”? Se, quanto às exigências se refere ao fato de preparar o trabalhador espírita fornecendo-lhe a base doutrinária – conforme discorremos acima -, concordo: somos exigentes! Agora, quanto às “imposições ritualísticas”, fico por pensar o que venha a ser…

Segundo ela, “assuntos como ufologia são encarados com reserva e olhares de soslaio quando já se acha à disposição de qualquer estudioso mais empenhado material comprobatório farto da casuística ufológica” – aqui volto ao início destas minhas reflexões.

Sobre a “casusítica ufológica”, primeiro: Doutrina Espírita é ciência e não ficção científica; segundo, Casa Espírita é casa de oração, de acolhimento, de promoção do Ser e, sobretudo, algo que, nem de perto a autora menciona, de estudo e vivência do Evangelho de Jesus à luz dos ensinamentos trazidos pelos espíritos. Citemos, mais uma vez o Instrutor Emmanuel: “Jesus a porta. Kardec, a chave” (do livro Opinião Espírita, psicografia de Francisco Cândido Xavier).

Como disse acima, nada tenho contra aqueles que dedicam tempo e energia ao estudo da ufologia. Cada um faz o que mais lhe apraz ou convém. Respeitamos essa posição e ponto final. Contudo, essas filosofias ou ciências, devem guardar o seu próprio espaço às suas reflexões. Não é a Casa Espírita, lugar para discutir sobre ufos, discos voadores e coisas do gênero. Valhamo-nos da tribuna espírita para estudar Kardec e o Evangelho de Jesus.

Quer ser um espiritualista? Tudo bem! Quer ser Espírita? Seja Espírita! Entendemos como Kardec o entendeu, que melhor uma manifestação espiritualista, que materialista.

Presença efetiva dos visitantes espirituais? Claro! Acontece a torto e a direito, afinal estamos numa Casa Espírita. É lá que acontecem as reuniões de intercâmbio mediúnico seguras, sistematizadas, fraternas e evangelizadas.

Sobre contatos imediatos de primeiro grau, convém lembrar a lição trazida pelo espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, na obra Obreiros da Vida Eterna, em especial o contido no capítulo 3, O Sublime Visitante: qual foi o concurso magnético necessário para uma entidade verdadeiramente superior se materializar em Nosso Lar? Pergunto-me: como fazem estes viajantes extraterrenos que supostamente nos visitam para tomar os elementos que irão formar o seu envoltório semimaterial (perispírito) e mesmo material (corpo físico)? Recordemo-nos das lições contidas nas questões números 94, 94-a e 135, de O Livro dos Espíritos.

Não estamos refutando o princípio da pluralidade dos mundos habitados, ao contrário, o estamos afirmando. Vide questão 55, de O Livro dos Espíritos. Estamos falando das muitas moradas da Casa do Pai, não de viajantes intergaláticos ou extraterrestres.

Ao final vem dizer que os conceitos, ou os princípios básicos da Doutrina Espírita não são dela, que estes as antecede, como, por exemplo, a reencarnação. Nós nunca nos apropriamos deles como sendo criação da Doutrina Espírita. Aliás, Kardec deixa isso muito claro na introdução de O Livro dos Espíritos e na primeira parte de O Livro dos Médiuns. Convém dar uma lida!

Por derradeiro, adota um discurso espiritualista, entretanto não deixa de dizer que é preciso compreender o seu ponto de vista – dela, a autora – e “com urgência para que se dê fim a todas essas polêmicas contraproducentes”. Mas não é ela, a autora, que apela para o princípio do contraditório? Quer ela dar a sua opinião e não permitir que outros o façam em sentido contrário?

Allan Kardec nos alertou, em O Livro dos Médiuns (capítulo XXII, Da Obsessão) de que “A fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium” e que “com efeito, graças a essa ilusão que lhe é decorrência, o Espírito conduz aquele que veio a dominar como faria a um cego, e pode lhe fazer aceitar as mais bizarras doutrinas, as mais falsas teorias como sendo a única expressão da verdade; bem mais, pode excitá-lo a diligências ridículas, comprometedoras e mesmo perigosas”.

Lembremo-nos também da regra de ouro transmitida pelo espírito Erasto em O Livro dos Médiuns (capítulo 20, Influência Moral do Médium): “Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa”.

Não é apenas o “dito espiritismo”. É a Doutrina Espírita, o Consolador Prometido por Jesus, uma doutrina libertadora e de promoção do Ser!

Se ela, a autora, deseja que o Espiritismo passe ou deixe de existir ao afirmar que “Somos todos Espíritos – mas o Espiritismo passará!”, que se dedique a construir a sua filosofia espiritualista ou a sua ciência ufológica e não perca tempo em atacar e tentar desacreditar a Doutrina Espírita, pois se a tese que ela defende é factível o suficiente, prevalecerá e, neste caso, o Espiritismo, caindo no ostracismo, sucumbirá por si só.

O que nós queremos, e precisamos, é de ESPIRITISMO COM ESPÍRITOS!…

Espiritismo com Espíritos, por José Márcio de Almeida.

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Tema Blog ED

Lê-se, no site O Mensageiro – Revista Espírita-Cristã do Terceiro Milênio, na seção Correio Fraterno, a mensagem recebida por via psicofônica em reunião realizada em 14 de maio de 1996, no Núcleo Servos de Maria de Nazaré, em Uberlândia (MG), intitulada Tempos de transição e atribuída, a sua autoria espiritual, ao venerável Espírito Bezerra de Menezes.

A aludida mensagem, que versa sobre o tema da transição planetária, pode ser acessada e lida através do link:

http://www.omensageiro.com.br/mensagens/correiofraterno/m-214.htm.

No que pese a credibilidade indiscutível do órgão que se responsabiliza pela sua veiculação, considerando eu que o Espírito Bezerra de Menezes é um dos que detém maior responsabilidade espiritual em labor na psicosfera brasileira, um Espirito incontestavelmente evoluído e de uma lucidez a toda prova, não encontro bom senso no texto central da mensagem.

Ela, a mensagem, contraria a Doutrina Espirita naquilo que ela tem de mais nobre: a sua capacidade de consolar corações, de trabalhar o bom ânimo, a esperança, e, sobretudo, colocar o homem da atualidade nas rotas seguras da perseverança; em síntese: ser, efetivamente, o “Consolador Prometido”.

Por destoar destas características, entendo que a aludida mensagem não se enquadra psicológica e moralmente com os princípios fundamentais da Doutrina Espírita e, tampouco, com a inteligência a que é atribuída.

O tema da transição planetária perdeu o seu lugar na busca sincera, na pesquisa lúcida e do entendimento consciente, se deslocando para o terreno do sensacionalismo barato, e, inapelavelmente, amedrontador. Pintam um quadro de terror e de grande complexidade, quando, na realidade, se trata de um processo muito simples e já elucidado pelo próprio Cristo que, quando entre nós, asseverou que somente os mansos herdarão a Terra (Mateus, 5: 5).

Também entendo ser de bom tom e apropriado com os “tempos de transição” que vivemos que os médiuns guardassem a necessária humildade e discrição e, agindo com bom senso, deixassem Emmanuel e André Luiz para Francisco Cândido Xavier – estes Espíritos, reconhecidamente de escol, já vieram e deram o seu recado maiúsculo; em nome destes, incluindo o próprio Chico, nada mais precisa ser dito ou acrescido.

Que devessem também deixar Joanna de Angelis, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno de Miranda, para Divaldo Pereira Franco. Devemos, por dever de ofício, preservar estes vultos, resguardar seus trabalhos, estudar e divulgar suas ideias e obras e mantermo-nos centrados em suas orientações.

Todos nós Espíritas, deveríamos assumir o compromisso pessoal e institucional de preservação da memória e das lições destes grandes ícones e não desgastá-los, nem baratear os seus pensamentos. Em não fazendo isso, prestaríamos um desserviço à Doutrina, causando uma enorme confusão àqueles que, ainda neófitos, buscam compreender a mensagem do Consolador.

Esforcemo-nos, portanto, para preservar as memórias e os trabalhos desenvolvidos por estes Espíritos – os acima citados – e por tantos outros mais, como, por exemplo: Yvone do Amaral Pereira, Zilda Gama, Leon Denis, Allan Kardec, José Raul Teixeira…

Se o orgulho e o egoísmo são as duas grandes chagas da humanidade, a humildade e a caridade são as molas que nos impulsionarão pelos processos de transição individual e coletivo.

Pareceu-me ainda oportuno, no caso em exame, para ampliar as nossas reflexões em torno do conteúdo da aludida mensagem, recuperar as lições de Kardec contidas em O Livro dos Médiuns (Cap. XIX, Do Papel dos Médiuns na Comunicação Espírita: Influência do Espírito Pessoal do Médium). Vejamos:

223.2. As comunicações escritas ou verbais também podem emanar do próprio Espírito encamado no médium?

“A alma do médium pode comunicar-se, como a de qualquer outro. Se goza de certo grau de liberdade, recobra suas qualidades de Espírito. Tendes a prova disso nas visitas que vos fazem as almas de pessoas vivas, as quais muitas vezes se comunicam convosco pela escrita, sem que as chameis. Porque, ficai sabendo, entre os Espíritos que evocais, alguns há que estão encarnados na Terra. Eles, então, vos falam como Espíritos e não como homens. Por que não se havia de dar o mesmo com o médium?”

223.3. Como distinguir se o Espírito que responde é o do médium, ou outro?

“Pela natureza das comunicações. Estuda as circunstâncias e a linguagem e distinguirás. No estado de sonambulismo, ou de êxtase, é que, principalmente, o Espírito do médium se manifesta, porque então se encontra mais livre. No estado normal é mais difícil. Aliás, há respostas que se lhe não podem atribuir de modo algum. Por isso é que te digo: estuda e observa.”

NOTA. Quando uma pessoa nos fala, distinguimos facilmente o que vem dela daquilo de que ela é apenas o eco. O mesmo se verifica com os médiuns.

223.7. O Espírito encarnado no médium exerce alguma influência sobre as comunicações que deva transmitir, provindas de outros Espíritos?

“Exerce, porquanto, se estes não lhe são simpáticos, pode ele alterar-lhes as respostas e assimilá-las às suas próprias ideias e a seus pendores; não influencia, porém, os próprios Espíritos, autores das respostas; constitui-se apenas em mau intérprete.”

223.8. Será essa a causa da preferência dos Espíritos por certos médiuns?

“Não há outra. Os Espíritos procuram o intérprete que mais simpatize com eles e que lhes exprima com mais exatidão os pensamentos. Não havendo entre eles simpatia, o Espírito do médium é um antagonista que oferece certa resistência e se toma, um intérprete de má qualidade e muitas vezes infiel. E o que se dá entre vós, quando a opinião de um sábio é transmitida por intermédio de um estonteado, ou de uma pessoa de má-fé.”

Ainda Kardec, mesma obra e capítulo, item 230, transcrevendo a mensagem ditada pelo Espírito Erasto:

Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa. (g. n.)

Para Herculano Pires, esta é uma regra de ouro do Espiritismo e que deve ser constantemente observada nos trabalhos e nos estudos espíritas. Filio-me a esta corrente de pensamento. Convido o leitor a fazer o mesmo!…

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” – Jesus (João, 8: 32).

Reflexões em torno da mensagem “Tempos de transição”, por José Márcio de Almeida.

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Logo O Fraternista 71

Aos leitores do Divulgando a Doutrina Espírita, informamos que já está circulando a edição nº 71, de O Fraternista, órgão de divulgação do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, de Belo Horizonte/MG.

O tradicional periódico, em sua versão eletrônica, pode ser lido ou baixado diretamente no site do Grupo Scheilla, pelo link seguinte: http://www.gruposcheilla.org.br/pages/acesso/acontece/ofraternista/fraternista71.pdf.

Transcrevemos a seguir o editorial desta edição:

“Durante sua missão, Kardec buscou trabalhar todo o conteúdo da codificação, levando em conta princípios de segurança que impedissem equívocos e toda a sua pesquisa junto aos amigos espirituais levou em conta a generalidade e a concordância. E afirmou na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo: uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares.

Hoje o movimento espírita brasileiro tem na obra da codificação exaustivo conteúdo, permitindo uma base segura para ação educadora. No dia 18 de abril O Livro dos Espíritos completará mais um ano como pilar filosófico da Doutrina, disponibilizando um acervo de valor inestimável.

A obra é constituída de quatro segmentos: Das Causas Primárias, Do Mundo Espírita ou dos Espíritos, Das Leis Morais e Das Esperanças e Consolações.

Cabe às casas espíritas mobilizar as atenções para o estudo desse importante marco, O Livro dos Espíritos.

No Grupo Scheilla, em todas as reuniões públicas, o estudo da obra ocupa o primeiro bloco de estudos. E, todos os anos, os Ciclos de Estudo são iniciados com duas centenas de novos participantes, no primeiro módulo, totalmente voltado à obra, ocupando um ano nesse estudo, no preparo de novos colaboradores / frequentadores”.

Esta edição também publicou, de nossa autoria, o texto intitulado Naturalmente uma alma mais delicada. Uma reflexão em torno do papel desempenhado pelas mulheres na obra da Codificação Espírita.

Ótima leitura!

José Márcio

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Ana, Cláudia, José Márcio e Nacip Gômez

Ana, Cláudia Rêda, José Márcio e Nacip Gômez

José Márcio

Palestra: Os Quatro Evangelhos

Estivemos, na noite do dia 12 deste mês de março, sábado último, na cidade de Lagoa Santa/MG, atendendo ao carinhoso e fraterno convite do confrade Nacip Gômez, do Grupo da Fraternidade Espírita Mãos de Luz, para proferir a palestra “Os Quatro Evangelhos”.

Foi uma noite memorável, inesquecível. As suaves vibrações que colhemos no lar que carinhosamente nos albergou e a presença amiga de todos os companheiros que lá estiveram, encheu-nos de estímulo.

Destacamos ainda a belíssima e tocante harmonização musical de Fred Alef.

Prestamos a nossa homenagem ao grupo nascente, rendendo súplicas a Jesus, O Meigo Rabi da Galiléia, para que os fortaleça e os sustente na nobilíssima missão que ora abraçam: somar esforços para consolar e amparar corações à luz do Evangelho e da Doutrina dos Espíritos.

Aos tarefeiros do Grupo da Fraternidade Espírita Mãos de Luz, de Lagoa Santa/MG, os nossos mais sinceros agradecimentos pela oportunidade de trabalho dignificante com Jesus e a ocasião de rever e fazer amigos.

Jesus conosco!

José Márcio

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Logo Jornal AME+ da AME-BH

O Movimento Espírita está celebrando o retorno do Jornal AMEMais, órgão de divulgação do Conselho Regional Espirita da Zona Metalúrgica e da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte.

A edição de n.º 55 (Fevereiro-Março/2016) pode ser acessada e lida no link seguinte: Jornal AMEMais nº 55.

Reproduzimos, abaixo, o editorial da aludida edição:

“Após alguns anos sem circular, volta ao cenário espírita brasileiro o Jornal da AME, então lido em diferentes pontos do Brasil e do mundo. Esta edição de reinício contou com valiosos colaboradores que, em grande número, e de forma voluntária, disponibilizaram competências e espírito participativo, viabilizando estrutura, conteúdo e graciosidade. O projeto gráfico foi criado pela jornalista e produtora editorial Virgínia Loureiro, a logo e a tirinha da seção Divertimento contou com a genialidade do artista plástico e ilustrador Adriano Alves e a diagramação com Fátima Loureiro Rubatino. No conteúdo tiveram magna contribuição, no papel de jornalistas, as colaboradoras Cristina Rezende Carvalho Castilho e Priscila Trevizani – do DAJ; a participação medianímica de Wagner Paixão, intermediando o Kardec Brasileiro; articulistas como José Márcio de Almeida, conferencista e escritor; e Walmor Barros de Camargos, com notável conhecimento sobre pré-mocidade e mocidade espírita; além do tarefeiro da caridade, Luiz Henrique Gomes; e da Cia. Laboro. Um dos membros da Coordenação Editorial das edições do passado continua na edição atual. Foi o combustível para o relançamento o entusiasmo da diretoria da AME, em particular na pessoa dos confrades Itamar Morato e Brasil Fernandes.

A proposta é fazer um jornal de grande conteúdo cristão-espírita, sintonizado com a comunidade espírita de Belo Horizonte, contemplar a educação do ser em evolução e, ao mesmo tempo, ser um jornal moderno, agradável de ser lido, contemplando estética e graciosidade”.

Uma ótima leitura!

José Márcio

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Seminário Mediunidade e Atendimento Espiritual

O Grupo Mediúnico Legionários de Maria, da Casa de Caridade Herdeiros de Jesus, promove no dia 19 de março, sábado, entre 18 e 19h40, o seminário Mediunidade e Atendimento Espiritual.

Agende-se e participe!

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Os bastidores do Livro dos Espíritos

Saiba como um professor de ciências investigou as mensagens dos espíritos para fundar uma religião na Paris do século 19

Texto Artur Fonseca; Revista Super Interessante; Edição n.º 254a, Julho/2008

Na sala principal de uma mansão em Paris, um grupo de senhores elegantes observa em silêncio a garota de 14 anos. Julie Baudin está sentada em frente a uma mesa redonda e segura um estranho objeto – uma cesta com um lápis encaixado na borda, que risca letras em espiral. Cada palavra é analisada atentamente por um dos homens. A garota parece não saber por que os adultos olham para ela tão concentrados – volta e meia ela ri e faz algum comentário engraçado. Suas mãos, porém, desenham no papel frases que em poucos meses irão fundar uma religião: o espiritismo.

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Publicado pela primeira vez em 1857, o Livro dos Espíritos foi organizado em cerca de 20 meses pelo professor francês Allan Kardec, que coordenou longas reuniões com médiuns, fazendo perguntas a eles e colhendo respostas que acreditava vir dos espíritos. Dos vários médiuns que contribuíram para o livro, 3 garotas se destacam. Julie e Caroline Baudin, de 15 e 18 anos, e Ruth Japhet, de 20. Organizando as respostas para 501 perguntas sobre o Universo, Kardec criou a doutrina e visão de mundo do espiritismo, fazendo dele muito mais que uma diversão da burguesia parisiense.

Na época, os fenômenos mediúnicos serviam como passatempo nos salões de Paris, que começava a ganhar ares cosmopolitas. A partir de 1850, a cidade passou por uma grande reforma. Ruelas medievais e casebres deram lugar a avenidas largas e bulevares que convergiam no Arco do Triunfo, símbolo da força da modernidade e da nova burguesia francesa. Com novos parques, a cidade se preparava para virar o século como a Cidade das Luzes. Era tempo de revolução industrial e descobertas científicas, que tornavam o homem capaz de explicar e interferir nos fenômenos ao seu redor. Ou em quase todos.

Porque no meio de toda essa modernidade, as mesas girantes eram uma febre que assolava a Paris de 1850. Eram comuns as reuniões em salões culturais ou mansões de senhoras da sociedade, nos quais as pessoas iam para girar mesas apenas com o poder da concentração. “Toda a Europa tem o espírito voltado para uma experiência que consiste em fazer girar uma mesa”, afirmou o jornal L’Illustration do dia 14 de maio de 1853. “Ide por aqui, ide por ali, nos grandes salões, nas mais humildes mansardas, no atelier do pintor – e vereis pessoas gravemente assentadas em torno de uma mesa vazia, que elas contemplam à semelhança daqueles crentes que passam a vida a olhar seus umbigos.” Nas reuniões, havia poetas, intelectuais e nobres. O poeta Victor Hugo era frequentador assíduo das reuniões e chegou a escrever que “negar a atenção a que tem direito o espiritismo é desviar a atenção da verdade”.

Numa noite de maio de 1855, a reunião das mesas girantes aconteceu na casa de uma senhora chamada Plainemaison. Uma das pessoas que compareceu à reunião foi Hippolyte Léon Denizard Rivail, um professor de ciências de 50 anos. Mais tarde, ele contaria como a visita o deixou impressionado. As mesas, segundo ele, não só giravam como batiam no chão e se moviam “em condições que não deixam margem a qualquer dúvida”. A reunião na casa da sra. Plainemaison deixou Rivail aturdido. “Entrevi naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a fundo”, escreveria o professor, anos depois.

Começam as sessões

Rivail passou meses observando o fenômeno naquela e em outras casas da cidade, como a dos Boudin, que tinham duas filhas que acreditavam ser médiuns. O mais estarrecedor era que as mesas pareciam não só rodar como também falar. Isso mesmo: pareciam indicar letras com pancadas no chão e, quando interrogadas, moviam-se para a direita ou esquerda, tentando comunicar “sim” ou “não”. “Se as pessoas viam o fenômeno como uma diversão, Rivail ia às reuniões de mesas girantes como um cientista. Fazia perguntas sérias e anotava as respostas que obtinha”, diz o médium e jornalista Jorge Rizzini. Em abril de 1856, 11 meses depois da primeira visita a uma daquelas reuniões, a mensagem da mesa perturbou ainda mais aquele professor de ciências. Um espírito teria escolhido Rivail para reunir e publicar os ensinamentos que ele obtinha nas mesas. Rivail não acreditou e pediu que o espírito repetisse a mensagem. “Confirmo o que foi dito, mas recomendo discrição, se quiser se sair bem. Tomará mais tarde conhecimento de coisas que agora o surpreendem”, foi a mensagem que ele recebeu como resposta.

Assim o trabalho começou. Todas as terças-feiras, Rivail frequentava a casa da senhora Boudin. Julie, a moça de 14 anos, e sua irmã Caroline, de 16, psicografaram quase todas as questões do Livro dos Espíritos. Como a identidade das duas foi mantida em segredo por muitos anos, sabe-se pouco sobre elas. O que se sabe é que Julie era uma médium passiva, inconsciente do que escrevia. Somente achava divertido as pessoas lhe darem tanta importância. As reuniões, dirigidas pelos pais delas, não eram secretas, mas restritas a poucos convidados. Para escrever as mensagens, Julie e Caroline usavam uma cesta-de-bico, feita de vime, com 15 a 20 centímetros de diâmetro e uma espécie de bico com um lápis na ponta. “Pondo o médium os dedos na borda da cesta, o aparelho todo se agita e o lápis começa a escrever”, contou Kardec em O Livro dos Médiuns. Com o tempo, as garotas passaram a usar a psicografia direta, mesmo método usado mais tarde pelo brasileiro Chico Xavier.

Diante delas, Rivail fazia perguntas que nós, mortais, sempre quisemos fazer a quem passa pela morte e volta para contar. A 4ª pergunta do Livro dos Espíritos, por exemplo, é “Poderíamos dizer que Deus é infinito?” E a resposta: “Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir coisas acima de sua inteligência”. A 150ª é “A alma, após a morte, conserva sua individualidade? Sim, nunca a perde. O que seria ela se não a conservasse?”

As respostas que Caroline e Julie psicografavam eram revistas, analisadas e muitas vezes comparadas a outras mensagens. Na fase de revisão, a médium que mais contribuiu foi Ruth Japhet, uma médium sonâmbula que tinha mais de 50 cadernos com mensagens que psicografava à noite. Para Rivail, a revisão era necessária, primeiro, por causa da dificuldade em se entender o que os espíritos diziam. Segundo, porque, para ele, os espíritos não eram donos de toda a sabedoria do Universo. “Um dos primeiros resultados das minhas observações foi que os espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não tinham nem a soberana sabedoria nem a soberana ciência; que seu saber era limitado ao grau de adiantamento; e que a opinião deles não tinha senão o valor de uma opinião pessoal”, escreveu ele em O Livro dos Médiuns. Por isso, Kardec afirmava que muitas mensagens de entidades eram ignoradas, ou por terem gracejos ofensivos ou por não fazerem sentido. Também por esse motivo, quanto mais médiuns participassem da composição do livro, melhor. Segundo ele, mais de 10 deles contribuíram na 1ª edição da obra.

Quando Rivail acabou de editar as perguntas, surgiu um problema: qual seria o título e quem deveria assinar a obra? Como não se considerava autor, e sim um organizador, deu o nome óbvio: O Livro dos Espíritos. Mas alguém precisava assiná-lo. “Rivail consultou os espíritos e uma entidade deu a ele o nome de Allan Kardec, porque esse tinha sido o nome que ele teve numa vida passada, como um sacerdote druida.” Assim surgiu o nome do pai do espiritismo.

Em 18 de abril de 1857, os primeiros exemplares sairiam da Tipografia de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, cidade vizinha a Paris. O livro rapidamente correu o mundo e criou polêmica, provocando protestos de padres e cientistas céticos, mas atraindo a atenção de outros médiuns, que entraram em contato com Kardec. O pai do espiritismo viu que seu trabalho ainda não estava terminado. Eram tantas novas revelações que ele decidiu revisar mais uma vez e estender o livro. A 2ª edição, definitiva, contém 1019 perguntas. A última delas é “O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?” Parte da resposta é: “O bem reinará na Terra quando, entre os espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus; então eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade”. Estava criado o livro e, com ele, uma nova religião para os homens.

Fonte: http://super.abril.com.br/historia/os-bastidores-do-livro-dos-espiritos.

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Brasil

Brasil

Brasil, Brasil, síntese perfeita do mundo, onde, em um segundo, vemos uma aquarela feita de verde, amarelo, azul anil.

Foi Jesus que te fez um engalanado gigante, de espírito varonil.

És a grande síntese do mundo, pois em suas terras se misturam o Tigre e o Eufrates, reerguendo a velha Babilônia.

Em ti grita o Egito sem cerimônia exigindo profundas e imediatas reparações.

Ah! Brasil, síntese das sínteses, em ti repousa Atenas, Tebas e Macedônia, emerge a Eritreia, filhos rebeldes que de espadas em punho ainda falam em filosofia.

Divina síntese da Galileia, do pedantismo farisaico, de Cafarnaum distante, em te repousa Belém, Jericó e Betânia, toda a Jônia, os doutores da lei, samaritanos, puritanos e ladrões, assassinos, muitos que por entre trevas, ainda anseiam matar o Deus menino!

Seguindo as tuas vielas, vemos o gólgota, o sangue de Estêvão derramado pelo caminho, Pedro crucificado, Paulo decapitado, ouvimos os rugidos dos leões a ecoar sobre Roma, romanos, gregos, turcos, egípcios, visigodos, em severas reparações.

E assim arranca-se grama, nada nasce, cultiva-se a terra e não se encontra raiz.

E nesta síntese perfeita, a exigir reparações, planta-se trigo, nasce mato, tiririca, espinhos; planta-se urtiga e espinheiros nascem rosas, dálias, mamão, arroz e feijão, robustos pinheiros, todos fortes e altaneiros.

Por isso tu te chamas Brasil, foi o nome que Jesus te deu; és forte, majestoso, de belezas mil, paraíso das provas, forja ardente, lar das expiações, buril incandescente.

Brasil tu és seara de profundas transformações, onde a pedra bruta se torna diamante, as oportunidades se multiplicam, os campos se abrem vastos, o plantio se oferece e a colheita arrefece o coração em transição.

Brasil, em lágrimas nós nos curvamos, e agradecidos rogamos a Jesus por ti.

Nós nos sentimos honrados, enobrecidos, privilegiados, ainda que desterrados, sentimos que não existe lugar nenhum no mundo onde o progresso, o trabalho e a esperança, acolhe com tanto carinho, o viajor débil, cansado e vacilante,  que vergado sobre o peso do passado, tateia frágil, a procura de um novo mundo.

Brasil, por aqui temos secado as nossas feridas, amenizado as nossas dores e caminhado com segurança em busca de renovados valores.

Alma querida, neste instante junte-se a nós, deixemos de lado as mágoas, os ódios e os rancores, unamo-nos em alma e coração, e súplices a Jesus, façamos sentida oração…

Senhor, envolve em teu amor essa pátria querida, que Ismael, o teu anjo, sopre aqui o perfume de um jardim em flor e em tuas asas de luz, sejas tu Brasil, a pátria do amor, da harmonia e de luz, brilhando o sol do Evangelho, triunfe hoje e sempre a mensagem de Jesus!

Muita paz, muitas alegrias!

Brasil, por Scheilla (Espírito); Médium: Jairo Avellar; Mensagem psicografada em Belo Horizonte, 05 de março de 2016.

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Resposta ao Dr. Orlando Fedeli

Tema Blog ED

Estava eu pesquisando, na rede mundial de computadores (a internet), sobre a obra A Gênese, Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ocasião em que o motor de buscas do Google trouxe à primeira página o link para acesso ao artigo de autoria do já desencarnado ex-professor e ex-teólogo católico Dr. Orlando Fedeli intitulado Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro.

O título chamou-me a atenção. Cliquei no link e me pus a ler. Fiquei absurdamente mal impressionado e perplexo com a forma e o estilo de que se valeu o Dr. Fedeli, um reconhecido intelectual de orientação católica, para desferir ataques pessoais e gratuitos à pessoa do Codificador da Doutrina Espírita, o também ex-professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, notabilizado pelo pseudônimo de Allan Kardec.

O aludido artigo pode ser acessado e lido na íntegra em: http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=kardec&lang=bra.

Sugiro ao leitor, antes de continuar esta leitura, que visite o domínio acima e o leia com a devida atenção. Não é extenso, a exemplo dos argumentos do autor.

Se você interrompeu a leitura desta refutação e leu o artigo do Dr. Fedeli, acredito deva estar, tanto quanto eu, perplexo e admirado com a incapacidade demonstrada por ele de contextualizar a obra de Kardec ao tempo em que surgiu (segunda metade do século XIX). Ele não apenas ataca a Allan Kardec e a Doutrina Espírita. Ataca também, frontal e veementemente, o cientista inglês Charles Darwin e, por via acessória e genérica, a ciência positiva.

Tenho a convicção de que se Kardec ainda encarnado estivesse, não “perderia” o seu precioso tempo e sua vigorosa energia para se defender dos ataques, contudo, o mesmo eu não digo em relação aos ataques desferidos contra a Doutrina. Sim! Kardec se posicionaria e o faria com a sua indelével e característica marca de equilíbrio.

Assim como o Mestre Lionês, também entendemos que ataques desta natureza, antes de causarem prejuízo às fileiras espíritas, ou ao edifício doutrinário-espírita, muito contribuem – e muito mais! – para a sua divulgação e propagação.

Vou começar por corrigir o erro crasso do Dr. Fedeli que afirmou ser Kardec um “homem que aprendeu mal a Gnose típica das sociedades secretas a que pertenceu”, “originada do cabalista Jacob Boehme”. Ao que consta, Kardec foi um dos mais distintos discípulos de Pestalozzi e ativo propagador do seu método. Dizendo mais, esclareço que Kardec pertenceu, sim, à diversas sociedades acadêmicas e científicas, dentre elas o Instituto Histórico de Paris e a Academia Real de Arras. Foi ainda membro da Real Academia de Ciências Naturais. Não eram estas sociedades secretas; eram sociedades científicas de renome e prestígio mundial.

Kardec, antes de codificar a Doutrina Espírita, foi um eminente professor e como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, elaborou um manual de aritmética, que foi adotado por décadas nas escolas francesas e de um quadro mnemônico da História da França, que visou facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país; além da língua francesa, da qual é autor de uma Gramática Francesa Clássica (1831) ainda hoje muito utilizada, Kardec dominava amplamente também a língua alemã.

Dentre os vários títulos e honrarias recebidas por Kardec, antes do advento da codificação espírita, sob o seu nome de Prof. Rivail, citamos os seguintes: Diploma de fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de Paris (1829), Diploma da Sociedade para a Instrução Elementar (1847), Diploma do Instituto de Línguas (fundado em 1837), Diploma da Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de Internatos da França (1835), Diploma da Sociedade Gramatical (1829), Diploma da Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain (1828) – o Prof. Rivail fora designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi –, Diploma do Instituto Histórico (fundado em Dezembro de 1833 e organizado em Abril de 1834), Diploma da Sociedade Francesa de Estatística Universal (fundada em Paris, em Novembro de 1820), Diploma da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional e a Medalha de ouro, 1º prêmio, conferida pela Sociedade Real de Arrás, no concurso realizado em 1831, sobre educação e ensino.

Kardec não era, como sustenta o Dr. Fedeli, um “pseudointelectual”. Era, sim, um intelectual vigoroso e respeitado pelos homens de seu tempo. Kardec ambicionava romper (como rompeu!) com os grilhões e as trevas da idade média, ao passo que o Dr. Fedeli desta era um apaixonado declarado.

As posições apaixonadas e sectárias do Dr. Fedeli renderam-lhe inúmeros embates, inclusive dentro da teologia católica. Ele representava o atraso e o defendia, como se lê no artigo ora refutado, com unhas e dentes.

Quanto a ser Kardec, “um racista brutal e grosseiro”, nem de longe, mas muito longe mesmo, razão assiste ao Dr. Fedeli. Ele estava absolutamente em erro!…

Analisar uma obra fora de seu contexto histórico é um erro que somente é permitido aos iniciantes, aos neófitos e não a um intelectual experimentado. Perdoem-nos os partidários do Dr. Fedeli, mas, reza a cartilha da prudência e da ética, que para dizer de algo é, antes, preciso conhecê-lo. Outrossim, demostra o Dr. Fedeli, nada compreender (conhecer é diferente de compreender!) acerca da evolução espiritual, histórica e política da humanidade. Resta-nos, apenas, lamentar.

O Instituto de Difusão Espírita, em nota explicativa aposta ao final das traduções das obras de Kardec realizadas por Salvador Gentile, trata de contextualizar o leitor neófito em Doutrina Espírita acerca das referências que o Dr. Fedeli considera racistas e brutais1.

Diz a aludida nota: “Em diversos pontos de sua obra, o Codificador se refere aos Espíritos encarnados em tribos incultas e selvagens, então existentes em algumas regiões do planeta, e que, em contato com outros polos de civilização, vinham sofrendo inúmeras transformações, muitas com evidente benefício para os seus membros, decorrentes do progresso geral ao qual estão sujeitas todas as etnias, independentemente da coloração de sua pele”.

Segue a mesma nota: “Na época de Allan Kardec, as ideias frenológicas de Gall, e as da fisiognomonia de Lavater, eram aceitas por eminentes homens de ciência, assim como provocou enorme agitação nos meios de comunicação e junto à intelectualidade e à população em geral, a publicação, em 1859 – dois anos depois do lançamento de O Livro dos Espíritos – do livro sobre a Evolução das Espécies, de Charles Darwin, com as naturais incorreções e incompreensões que toda ciência nova apresenta”.

Mais adiante consigna a referida nota que: “Na época, Allan Kardec sabia apenas o que vários autores contavam a respeito dos selvagens africanos, sempre reduzidos ao embrutecimento quase total, quando não escravizados impiedosamente”.

Ainda a mesma nota, no parágrafo seguinte que: “É baseado nesses informes ‘científicos’ da época que o Codificador repete, com outras palavras, o que os pesquisadores europeus descreviam quando de volta das viagens que faziam à África negra. Todavia, é peremptório ao abordar a questão do preconceito racial: ‘Nós trabalhamos para dar a fé aos que em nada creem; para espalhar uma crença que os torna melhores uns para os outros, que lhe ensina a perdoar aos inimigos, a se olharem como irmãos, sem distinção de raça, casta, seita, cor, opinião política ou religiosa; numa palavra, uma crença que faz nascer o verdadeiro sentimento da caridade, da fraternidade e deveres sociais’ (KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1863 – 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. – Janeiro de 1863)”.

Resta claro que nada conhecia o Dr. Fedeli de Doutrina Espírita e do pensamento Kardequiano.

A mais da grosseria, ressalta do seu texto, a arrogância e o orgulho que marcam todos aqueles que se impõem pela força dos músculos e não pelas ideias.

Quanto à Doutrina Espírita, deixemos a cargo do próprio Kardec a necessária resposta aos ataques gratuita e despropositadamente desferidos:

“Sou um homem positivo, sem entusiasmo, que tudo julga friamente; raciocino de acordo com os fatos e digo: Desde que os Espíritas são mais numerosos que nunca, a despeito (…) [do artigo do Dr. Fedeli] e de todas as outras, a despeito de todos os sermões e mandamentos, é que os argumentos aí apresentados não persuadiram as massas”2.

“(…) Refuto os princípios e não os indivíduos: os princípios ficam e os indivíduos desaparecem; é por isto que pouco me inquieto com personalidades que amanhã talvez não mais existam e das quais não mais se fale, seja qual for a importância que se dão. Vejo muito mais o futuro que o presente, o conjunto e as coisas importantes mais que os fatos isolados e secundários”2.

“Examinando os diversos ataques dirigidos contra o Espiritismo, ressalta um ensinamento, ao mesmo tempo grave e triste; os que vêm do partido cético e materialista são caracterizados pela negação, a troça mais ou menos espirituosa, as brincadeiras geralmente tolas e banais, ao passo que – é lamentável dizer – é, nos do partido religioso que se encontram as mais grosseiras injúrias, ou ultrajes pessoais, as calúnias; é da cátedra que caem as palavras mais ofensivas”3.

“Não temos a menor intenção de converter o (…) [Dr. Fedeli] à nossa opinião. Ele poderia ter visto (…) [nas citações extraídas de nossas obras] uma espécie de bravata de nossa parte, o que não está em nosso caráter. Ainda uma vez, o Espiritismo deve ser aceito livremente e não violentar consciências; deve atrair a si pela força de seu raciocínio, a todos acessível, e pelos bons frutos que dá; deve realizar esta palavra do Cristo: ‘Outrora o céu era tomado pela violência; hoje o é pela doçura’. De duas, uma: ou o (…) [Dr. Fedeli] se limita a falar do que sabe, ou não se limita. No primeiro caso, deve por si mesmo pôr-se ao corrente da questão e não se limitar a abundar neste sentido, se não quiser expor-se a erros lamentáveis; no segundo caso, seria trabalho perdido querer abrir os olhos a quem os quer ter fechados”4.

“Grave erro é crer que a sorte do Espiritismo dependa da adesão de tal ou qual individualidade; (…)”4.

“Em sua opinião, o (…) [Dr. Fedeli] julgou (…) [dizer] o que (…) [disse]. Era um direito seu; diremos mais; fez um bem em fazê-lo, pois agiu conforme sua consciência. Se o resultado não corresponder à sua expectativa, é que tomou um caminho errado. Eis tudo. Não nos cabe modificar as suas ideias (…)”4.

O Dr. Fedeli, do alto de sua arrogância e orgulho intelectual e de seita, interpreta literalmente o texto bíblico. A ele sugeriríamos, a exemplo do que propõe o Apóstolo dos Gentios (2 Coríntios, 3: 6), buscar extrair o espírito da letra. Não se trata de se considerar mais judicioso que a bíblia, mas de compreendê-la. Nesse quesito, o Dr. Fedeli, estava na contramão e a colidir com o inexorável progresso.

Quem, nesta breve demonstração de armas, demonstra ser “um racista brutal e grosseiro” e “um presunçoso soberbo”?

Deixo para o leitor, o encargo das respostas… De minha parte, convido os espíritas a orarem pelo espírito do Dr. Fedeli, que, a quase um lustro, retornou à Pátria Espiritual. É possível que já reúna condições de bem compreender as verdades espirituais…

Resposta ao Dr. Orlando Fedeli, por José Márcio de Almeida.

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos; tradução de Salvador Gentile. IDE. (TAC nos Autos do Procedimento Administrativo n.º 1.14.000.000835/2006-12).

2 Idem, Revista Espírita de 1863, julho, p. 218, EDICEL.

3 Idem, ibidem, setembro, p. 275.

4 Ibidem, dezembro, p. 360-361.

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