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Archive for março \27\-03:00 2021

Nas relações humanas

Recebemos de nossa querida amiga Liliane Romanelli, filha do saudoso Professor e Confrade Rubens Costa Romanelli, uma verdadeira preciosidade: um recorte do “Jornal Síntese”, publicação Espírita que circulou na década de 50 do século passado na capital mineira.

O Professor Romanelli era o redator à época em que foi publicada a mensagem ditada por Emmanuel e psicografada por Francisco Cândido Xavier intitulada “Nas relações humanas”, que reproduziremos a seguir.

Contou-nos a querida amiga que o Professor Romanelli participava de reuniões com o Chico e outros grandes vultos do Espiritismo e que Emmanuel sempre se manifestava.

Encontramos essa mensagem publicada no livro intitulado “Cura”, publicado pelo GEEM, ditado por Espíritos Diversos, psicografados pelo Chico, com pequenas variações.

Liliane, querida amiga, obrigado por dividir conosco um recorte tão importante da história do Espiritismo em Belo Horizonte e por nos autorizar a publicá-la aqui no Divulgando a Doutrina Espírita.

A seguir a belíssima mensagem (como publicada em “Síntese”, edição de 30 de setembro de 1956 – com a ortografia da época):

Nas relações humanas

Cristo nas relações humanas começará no homem com Cristo, ou a civilização genuinamente cristã não passará no mundo de fábula brilhante de nova mitologia.

Para isso é imprescindível que nos afeiçoemos, em verdade, ao Espírito dos Evangelhos, para consolidarmos na Terra o verdadeiro reinado do Espírito.

Não nos basta a mística sublime do Templo organizado com todos os recursos para a exaltação do culto externo de nossa fé. Nos santuários de pedra e ouro, o Mestre Divino jaz encerrado à maneira de um morto ilustre, cercado de frases fulgurantes no cenotáfio que lhe conserva os despojos.

Somos atualmente convocados, não mais à consagração do serviço religioso encarcerado no círculo da interpretação literal, mas à religião viva do exemplo, sentido e vivido com o nosso coração e com o nosso sangue, com o nosso ideal e com o nosso suor para que o hino espiritual do Evangelho, espraiando-se da nossa área individual de compreensão, se estenda a todas as criaturas, anunciando ao planeta um Novo Dia…

É por isso que o sêlo do sacrifício nos valoriza o caminho, é por esse motivo que a dor e a luta se transformam em clima incessante de todos os que abraçam na Boa Nova o roteiro da libertação que lhes é própria.

A descrucificação de Jesus é o nosso trabalho primordial, para que os braços do Celeste Amigo, usando os nossos, penetrem o coração da Humanidade, soerguendo-a aos níveis superiores que lhe cabe atingir.

Nossa estrada, em razão disso, se converte em respeitável indicação para aquêles que, ainda, não nos partilham o entendimento.

Nossas atitudes e nossas palavras, nossas dores superadas e nossas ansiedades vencidas constituem páginas de amor e luz que os outros lêem, habilitando-se à grande e abençoada renovação! Situemos, assim, o Senhor que buscamos em nossa própria vida, contemplando o mundo e servindo aos nossos semelhantes, através dos seus olhos e inspirados em seus padrões espirituais, venceremos os desafios do tempo, reduzindo séculos e milênios na construção do Reino Divino que o antigo espaço da Terra aguarda de nossas mãos.

Emmanuel

Nos sentimos honrados em poder compartilhar esse material com nossos leitores.

José Márcio

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A lei de amor

O amor resume a doutrina de Jesus inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra — amor —, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.

O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.

Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germens latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. – Lázaro. (Paris, 1862.)

A lei de amor, por Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 8.

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Um homem chamado Jesus

Certa vez, um Espírito sublime deixou as estrelas, revestiu-se de um corpo humano e veio habitar entre os homens.

Porque fosse um exímio artista plástico, habituado a modelar as formas celestes, compondo astros e globos planetários, tomou da madeira bruta e deu-lhe formas úteis.

Durante anos, de Suas mãos brotaram mesas e bancos, onde amigos e irmãos se assentavam para repartir o pão.

Para receber os seus corpos cansados, ao final do dia, Ele preparou camas confortáveis e, porque amasse a todos os seres viventes, não esqueceu de providenciar cochos e manjedouras onde os animais pudessem vencer a fome.

Porque fosse artista de outras artes, certo dia deixou as ferramentas com que moldava a madeira, e partiu pelas estradas poeirentas.

Tomou do alaúde natural de um lago, em Genesaré, e ali teceu as mais belas canções.

Seu canto atraía crianças, velhos e moços. Vinham de todas as bandas.

A entonação de sua voz calava o choro dos bebês e as dores arrefeciam nos corações das viúvas e dos desamparados.

As harmonias que compunha tinham o condão de secar lágrimas e sensibilizar corações endurecidos.

Como soubesse compor poemas de rara beleza, subiu a um monte e derramou versos de bem-aventuranças, que enalteciam a misericórdia, a justiça e o perdão.

Porque sua sensibilidade se compadecia das dores da multidão, multiplicou pães e peixes, saciando-lhe a fome física.

Delicado na postura, gentil no falar, por onde passava, deixava impregnado o perfume de Sua presença.

Possuía tanto amor que o exalava de Si aos que O rodeassem. Uma pobre mulher enferma tocou-lhe a barra do manto e recebeu os fluidos curadores que lhe restituíram a saúde.

Dócil como um cordeiro, abraçou crianças, colocou-as em seus joelhos e lhes falou do Pai que está nos céus, que veste a erva do campo e providencia alimento às aves cantantes.

Enérgico nos posicionamentos morais, usou da Sua voz para o discurso da honra, defendendo o templo, a Casa do Pai, dos que desejavam lesar o povo já por si sofrido e humilhado.

Enalteceu os pequenos e na Sua grandeza, atentava para detalhes mínimos.

Olhou para a figueira e convidou um cobrador de impostos a descer a fim de estar com Ele mais estreitamente.

Acreditavam que Ele tomaria um trono terrestre e governaria por anos, com justiça.

Ele preferiu penetrar os corações dos homens e viver na sua intimidade, para que eles usufruíssem de paz e a tivessem em abundância.

Seu nome é Jesus, o Amigo Divino que permanece de braços abertos, declamando os versos do Seu poema de amor: Vinde a mim, vós todos que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei…

Redação do Momento Espírita, com transcrição do Evangelho segundo Mateus, cap. 11, vers. 28.

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O Sal da terra

Falar sobre o Evangelho é sempre bom. Está na hora de fazer disso um hábito: quando estiver entre amigos, procurar incluir algum assunto do Evangelho, para recordar Jesus.

Ao se reunir para falar do Evangelho está se repetindo o comportamento dos primeiros cristãos que assim faziam para se lembrarem do Mestre. O que Ele falou, como falou, o que foi aprendido e apreendido. E, de tanto se falar, foi possível gravar a história na memória, passar através das gerações, em família, até chegar aos evangelhos escritos.

É preciso falar de Jesus com brilho nos olhos e o coração sedento dessa água, cuja fonte jamais secará, conforme prometido por ele próprio à mulher samaritana à beira do poço de Jacó (Jo 4:14).

Hoje, deve ser motivo de júbilo poder ler os Evangelhos, e é mister fazê-lo, pois, só assim será possível uma familiaridade com as palavras, com os textos, os estilos, as notícias, e se encantar com as histórias de Jesus, seus ensinamentos, sua presença nas entrelinhas de cada parágrafo.

Dentre os ensinamentos de Jesus a seus discípulos, pode-se destacar uma informação trazida do Alto para todos, quando ele diz: Vós sois o Sal da Terra (Mt 5:13).

Como interpretar essa passagem? Vindo d’Ele trata-se de uma afirmação assaz significativa, merecendo um debruçar sobre ela, mesmo passados todos esses anos.

No contexto dessa sentença, encontra-se o mais belo e significativo sermão pronunciado por Jesus, o das bem-aventuranças ou sermão do monte. Um verdadeiro tratado de felicidade. Esse capítulo (Mt 5:1) é de grande profundidade e merece uma maior reflexão.

Pode-se considerar o sermão do monte também como um remédio para a baixa autoestima. É um verdadeiro estímulo à vida, uma proposta ou um roteiro a ser seguido para quem quer ser feliz, talvez por isso, os tradutores da Bíblia de Jerusalém preferiram colocar no lugar dos “bem-aventurados”, os “felizes”.

O capítulo 5 do evangelista Mateus começa relatando que “Ele, vendo as multidões, subiu à montanha. Ao sentar-se, aproximaram dele os seus discípulos. E pôs-se a falar e os ensinava dizendo…”

Quando se estuda o evangelho de forma minuciosa é preciso observar os gestos, as palavras de Jesus, o cenário, o contexto da época etc.

“Subir ao monte”, talvez possa-se inferir que Jesus estivesse mostrando o caminho a seguir, que é sempre para frente, e para o alto. Todos querem subir também, mas ele sabe

das dificuldades de cada um, então se abaixa ao nível dos presentes, sentando-se e deixando que os alunos se aproximem, sedentos de conhecimentos ou de sinais para aprenderem a subir. É possível que Jesus tenha lido no olhar dos discípulos: Senhor eu quero ser feliz, o que eu tenho que fazer? E a resposta vem em seguida:

Quer ser feliz?

Seja pobre no espírito, quer dizer, desprenda-se da matéria, não acumule nada.

Seja manso, combata a violência, sendo o exemplo da brandura e mansuetude na Terra.

Seja aflito pelo consolo do Alto, que atende a todos sem distinção.

Seja sedento e faminto de justiça, porque ela se fará, no tempo certo e para todos.

Seja misericordioso para com todos.

Seja puro de coração, para entender os desígnios de Deus.

Seja pacificador, promova a paz em todos os momentos e lugares.

Seja perseguido e não perseguidor de ninguém, mas mantenha-se na justiça.

Mesmo que te injuriem e persigam por causa da causa que abraçastes, seja feliz.

Seja alegre e regozije sempre, porque os profetas também passaram por isso.

Logo em seguida Jesus apresenta uma declaração divina sobre o conceito de Deus a respeito dos habitantes do planeta: VÓS SOIS O SAL DA TERRA, VÓS SOIS A LUZ DO MUNDO.

É importante observar que, enquanto no sermão do monte os verbos estão, em sua maioria, no futuro, aqui eles estão no presente. Você É o Sal da Terra. Você É a luz do mundo.

E o que significa ser o sal de terra?

O sal que se conhece é um cristal de rocha, transparente, multifacetado e com sabor.

Fazendo-se uma analogia entre ser sal da terra e ser Sal da Terra, começando pelo formato desse mineral, cada ser humano também deve ser transparente nas ações, no falar e no deixar-se transpassar pela luz que vem do Alto, procurando refleti-la para o próximo.

Como diz Régis de Morais em seu livro Espiritualidade e Educação: quem opta pela opacidade não pode, como o cristal, enriquecer a luz que o atravessa.

O ser humano possui receptores na língua para esse mineral comestível. Por analogia, esse mesmo ser humano também nasce com receptor para o bem.

O sal é solúvel em água e bom condutor de eletricidade.

O homem, diluído no sentido de imerso no Fluido Cósmico Universal, é bom condutor do amor de Deus.

Por muito tempo o sal foi utilizado como conservante de alimentos na Terra.

Cada um deve saber conservar a mensagem do Cristo no planeta.

O sal apresenta-se inalterável, mantendo-se incorruptível. Nada o altera, nada o contamina, não se deteriora.

Assim, cada um deve evitar se alterar, perder o equilíbrio a ponto de se corromper e deteriorar os próprios valores.

O sal está presente na alimentação diária, oferecendo sabor, de forma invisível e na quantidade certa.

Ao homem, Sal da Terra, compete-lhe ser o responsável em dar sabor à vida do próximo, saber temperar, sem exagero, para não salgar e não se omitir, para que sua vida não fique insossa. Deve ser um hábito diário, mas invisível, de forma discreta e, muitas vezes, secreta, só Deus sabendo.

Para que tudo isso seja possível é imperioso lembrar que todos os seres humanos que povoam a Terra, são os seres inteligentes da criação. Espíritos imortais, em constante aprendizado, conforme os Espíritos afirmaram a Kardec na questão 76 de O Livro dos Espíritos.

Corroborando as ilações acima, pode-se citar alguns exemplos, presentes na literatura espírita, seres que vieram à Terra para ser sal e realizar um trabalho de amor, como a personagem Alcíone do livro Renúncia, Lívia do livro Há dois mil anos, Yvonne A. Pereira como médium exemplar e tantos outros, em especial aquelas mães que, sofrendo caladas, cuidam de seus filhos, sustentando uma família com o suor de seu trabalho e o agasalho do seu coração acolhedor.

Que cada um possa refletir sobre o quanto tem sido sal e quanto de sabor tem oferecido ao outro, em nome de Jesus, atendendo-O e se aproximando d’Ele.

O Sal da Terra, por Carlos Gomes (AME Itajubá/MG).

Referências:

Bíblia de Jerusalém, São Paulo: ed. Paulus, 2012.

MORAIS, R. Espiritualidade e Educação, Campinas, SP: C. Espírita Allan Kardec, 2002.

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Novo amigo

“Nosso Lar”, primeiro livro da lavra do Espírito André Luiz e da série “A Vida no Mundo Espiritual”, foi psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado no ano de 1944 pela Federação Espírita Brasileira com a seguinte sinopse:

Nosso Lar é o nome da Colônia Espiritual que André Luiz nos apresenta neste primeiro livro de sua lavra.

Em narrativa vibrante, o autor nos transmite suas observações e descobertas sobre a vida no Mundo Espiritual, atuando como um repórter que registra as suas próprias experiências.

Revela-nos um mundo palpitante, pleno de vida e atividades, organizado de forma exemplar, onde Espíritos desencarnados passam por estágio de recuperação e educação espiritual supervisionado por Espíritos Superiores.

Nosso Lar nos permite antever o Mundo Espiritual que nos aguarda, quando abandonarmos o corpo carnal pela morte física.

Para leitura do prefácio grafado por Emmanuel, clique aqui.

As lições extraídas deste prefácio são riquíssimas e inúmeras. Estudemo-las.

Emmanuel, logo de início já alerta não se tratar este, de um prefácio convencional, onde aquele que tem a honra de apresentar a obra e o autor o faz “exaltando-lhe o mérito e comentando-lhe a personalidade”. Diz, inclusive, que neste caso “a situação é diferente” e que em vão iríamos encontrar, nos catálogos ou publicações do gênero, o nome do destacado médico.

Fosse escrito nos dias de hoje, poderia Emmanuel afirmar, que “embalde” encontraríamos qualquer menção ao autor espiritual na internet, no facebook ou no twitter.

Emmanuel justifica o fato de não apresentar o “médico terrestre”, mas o “novo amigo e irmão na eternidade” expondo duas importantes razões.

A primeira, por considerar imperioso, quando buscamos redimir um “passado escabroso” – e essa afirmativa vale para todos nós quando reencarnamos – o amor Divino nos concede a benção do esquecimento para, em nova oportunidade, nos permitir aprender a amar e a perdoar, ocasião em que “modificam-se [as] tabelas da nomenclatura usual”; o mesmo se pode afirmar quando de nosso retorno à pátria espiritual, pois o “despertamento” para as verdades espirituais e para o progresso individual lá também se faz.

Aduz Emmanuel que, para cumprir a missão de nos trazer “as suas valiosas impressões”, o autor espiritual, em princípio chamado apenas André – mais à frente denominado André Luiz – precisou “cerrar a cortina sobre si mesmo”. Era preciso, deixar pra trás o homem velho e fazer nascer o homem novo.

Como “trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo”, conclamando-nos a sobre elas refletir detidamente, sendo apontado por seus contemporâneos de vida física em face de suas atitudes, gestos e comportamentos do passado? Não que isto representasse qualquer obstáculo tendo em vista o próprio autor, de pronto, declarar haver sido, como a maioria de nós, imprevidente e alheio, quando encarnado, aos sublimes ensinamentos do Mestre.

Melhor que, não obstante se declarar um ser a caminho da perfeição, mas ainda longe dela, guardar o anonimato de sua última ramagem terrena a fim de evitar comparações desnecessárias e que pudessem apagar o brilho e reduzir a importância dos ensinamentos transmitidos, tão ao gosto de nós encarnados. Corrobora este entendimento o fato de que se especula, ainda em nosso tempo, mais de setenta anos após o lançamento da obra e do aparecimento do autor espiritual, quem teria sido, encarnado, o verdadeiro André Luiz.

Além deste fato, há que se recordar de toda a repercussão tida e havida pelo lançamento das obras ditadas pelo espírito Humberto de Campos ao médium Francisco Cândido Xavier. Era preciso zelo e cuidado.

A segunda, confirmada pelo episódio Humberto de Campos, era a prudência e a sublimidade do amor nutrido pelo autor espiritual por todos aqueles entes queridos ao seu coração e “envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão”.

Era preciso preservar os laços de amor, respeito e fraternidade que unia o autor espiritual àqueles que lhe “sobreviveram” no vaso físico e também manter os projetos em curso a salvo de qualquer intempérie.

Emmanuel também consigna que o trabalho que teria início – o de apresentação da vida no mundo espiritual – não era inédito, contudo, se revestia da imparidade de traduzir experiências próprias, vividas pelo autor quando de sua reentrada, readaptação e descobertas no mundo espiritual; não se tratava mais de narrativas na terceira pessoa.

As ricas e marcantes experiências vividas pelo autor espiritual, espírito que já acumulara, em sua trajetória evolutiva, grande bagagem intelectual, permitiriam aos encarnados a “legítima compreensão da ordem que preside o esforço dos desencarnados laboriosos e bem-intencionados” quando da vida no mundo espiritual, ainda que estivessem vibrando “nas esferas (…) intimamente ligadas ao planeta”.

Sabiamente alerta o benemérito instrutor para o fato de que muitos de nós encarnados encontraremos motivos de risos “ao contato de determinadas passagens das narrativas”, contudo, adverte: “O inabitual, entretanto, causa surpresa em todos os tempos”.

Emmanuel, portanto, nos alerta que iremos encontrar na obra muitas informações absolutamente novas e que, para ler e bem compreender, é preciso desvestir-se de todos os preconceitos. Reiterando essa observação, compara aquele momento do tempo – idos de 1943 – aos anos anteriores, em que o domínio, pelo homem e pela ciência, da aviação, da eletricidade e da radiofonia, estava no campo das perspectivas.

Sim, é preciso abrir a mente a toda a gama de novas e maravilhosas informações que estão por vir. André Luiz, mais à frente, nas demais obras da coleção “A Vida no Mundo Espiritual” viria nos apresentar uma série de aparelhos que hoje, em 2014, já fazem parte de nosso cotidiano comum: a TV de plasma, o computador portátil, o telefone celular, dentre outros.

Emmanuel nos convida a bem analisar e meditar o que lermos na obra e reporta a perplexidade e a dúvida surgida como sendo um processo natural e justo do aprendiz que ainda não passou pela lição.

Expõe que se aterá “tão somente ao essencial do trabalho”, ou seja, ao que, de fato, é importante destacar na apresentação que faz do livro e do projeto que teria início com a aludida obra. Considerando que a Doutrina Espírita ganhava, a cada dia, mais adeptos e interessados em conhecer os seus princípios e pressupostos, alerta que é preciso tomar o devido cuidado conosco mesmos, de modo a não nos negligenciarmos.

Embora reconheça o crescimento dos adeptos da nova doutrina, Emmanuel nos adverte de que “não basta investigar fenômenos, aderir verbalmente, melhorar a estatística, doutrinar consciências alheias, fazer proselitismo e conquistar favores da opinião, por mais respeitável que seja”. É preciso um mergulho em nós mesmos para bem conhecermos todas as nossas potencialidades e a melhor maneira de aplicá-las “nos serviços do bem”.

Quer dizer Emmanuel, que não basta fazer propaganda da doutrina, engrossar os números daqueles que se autoproclamam espíritas e aderir apenas verbalmente, ou seja, externamente. É preciso vivenciar os ensinamentos recolhidos e, por meio de nossos exemplos, sim, fazer prosélitos.

O benemérito instrutor nos consola, lembrando-nos que somos filhos de Deus e que, em nosso momentâneo exílio no vaso físico, não estamos esquecidos e que a experiência física é bendita oportunidade de evolução espiritual e que as lutas diárias são os meios pelos quais aprenderemos a nos elevar. Conclama-nos a enxergar os obstáculos do caminho como verdadeiras oportunidades de crescimento, de aprendizado e a bem-dizê-los.

Notem a sutileza de Emmanuel. Ele diz: “A luta humana é a sua oportunidade, a sua ferramenta, o seu livro”. Sim, a luta humana é o nosso livro e a nossa ferramenta: o livro de nossas vidas (a vida do espírito) que nós mesmos escrevemos e a ferramenta, aquela que utilizamos para construir o nosso edifício de elevação espiritual!

Consigna ainda que o intercâmbio com o mundo espiritual é tarefa que deve se revestir de todo respeito e recolhimento, pois são, os espíritos, os mensageiros e os prepostos de Jesus investidos da missão de restabelecer a pureza dos ensinamentos que Ele próprio nos legou e que também nós temos responsabilidades e missões a cumprir neste processo de restauração – cada um de nós, seja onde estiver, ocupando a posição que ocupar tem um papel a desempenhar; ninguém é mais ou menos importante: temos missões e responsabilidades distintas, apenas isso; é o somatório de todos os nossos esforços individuais que resultará no progresso coletivo!

Nos chama à reflexão sobre o fato inexorável de que somos, nós mesmos, o tribunal de nossa consciência. A morte carnal nos conduz a um inadiável exame de consciência, ocasião em que colheremos o que semeamos, pois a semeadura é livre e a colheita, obrigatória!

Por derradeiro, nos convida a mirarmos o exemplo do autor espiritual de modo a atalharmos o nosso caminho, sob pena de aumentarmos a sua extensão e nos dá a receita de como fazê-lo, afirmando “que os passos do cristão, em qualquer escola religiosa, devem dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que, em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas, muito mais, de ESPIRITUALIDADE”.

Comentário ao prefácio Novo Amigo, do livro Nosso Lar, por José Márcio de Almeida.

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