“Nosso Lar”, primeiro livro da lavra do Espírito André Luiz e da série “A Vida no Mundo Espiritual”, foi psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado no ano de 1944 pela Federação Espírita Brasileira com a seguinte sinopse:
Nosso Lar é o nome da Colônia Espiritual que André Luiz nos apresenta neste primeiro livro de sua lavra.
Em narrativa vibrante, o autor nos transmite suas observações e descobertas sobre a vida no Mundo Espiritual, atuando como um repórter que registra as suas próprias experiências.
Revela-nos um mundo palpitante, pleno de vida e atividades, organizado de forma exemplar, onde Espíritos desencarnados passam por estágio de recuperação e educação espiritual supervisionado por Espíritos Superiores.
Nosso Lar nos permite antever o Mundo Espiritual que nos aguarda, quando abandonarmos o corpo carnal pela morte física.
Para leitura do prefácio grafado por Emmanuel, clique aqui.
As lições extraídas deste prefácio são riquíssimas e inúmeras. Estudemo-las.
Emmanuel, logo de início já alerta não se tratar este, de um prefácio convencional, onde aquele que tem a honra de apresentar a obra e o autor o faz “exaltando-lhe o mérito e comentando-lhe a personalidade”. Diz, inclusive, que neste caso “a situação é diferente” e que em vão iríamos encontrar, nos catálogos ou publicações do gênero, o nome do destacado médico.
Fosse escrito nos dias de hoje, poderia Emmanuel afirmar, que “embalde” encontraríamos qualquer menção ao autor espiritual na internet, no facebook ou no twitter.
Emmanuel justifica o fato de não apresentar o “médico terrestre”, mas o “novo amigo e irmão na eternidade” expondo duas importantes razões.
A primeira, por considerar imperioso, quando buscamos redimir um “passado escabroso” – e essa afirmativa vale para todos nós quando reencarnamos – o amor Divino nos concede a benção do esquecimento para, em nova oportunidade, nos permitir aprender a amar e a perdoar, ocasião em que “modificam-se [as] tabelas da nomenclatura usual”; o mesmo se pode afirmar quando de nosso retorno à pátria espiritual, pois o “despertamento” para as verdades espirituais e para o progresso individual lá também se faz.
Aduz Emmanuel que, para cumprir a missão de nos trazer “as suas valiosas impressões”, o autor espiritual, em princípio chamado apenas André – mais à frente denominado André Luiz – precisou “cerrar a cortina sobre si mesmo”. Era preciso, deixar pra trás o homem velho e fazer nascer o homem novo.
Como “trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo”, conclamando-nos a sobre elas refletir detidamente, sendo apontado por seus contemporâneos de vida física em face de suas atitudes, gestos e comportamentos do passado? Não que isto representasse qualquer obstáculo tendo em vista o próprio autor, de pronto, declarar haver sido, como a maioria de nós, imprevidente e alheio, quando encarnado, aos sublimes ensinamentos do Mestre.
Melhor que, não obstante se declarar um ser a caminho da perfeição, mas ainda longe dela, guardar o anonimato de sua última ramagem terrena a fim de evitar comparações desnecessárias e que pudessem apagar o brilho e reduzir a importância dos ensinamentos transmitidos, tão ao gosto de nós encarnados. Corrobora este entendimento o fato de que se especula, ainda em nosso tempo, mais de setenta anos após o lançamento da obra e do aparecimento do autor espiritual, quem teria sido, encarnado, o verdadeiro André Luiz.
Além deste fato, há que se recordar de toda a repercussão tida e havida pelo lançamento das obras ditadas pelo espírito Humberto de Campos ao médium Francisco Cândido Xavier. Era preciso zelo e cuidado.
A segunda, confirmada pelo episódio Humberto de Campos, era a prudência e a sublimidade do amor nutrido pelo autor espiritual por todos aqueles entes queridos ao seu coração e “envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão”.
Era preciso preservar os laços de amor, respeito e fraternidade que unia o autor espiritual àqueles que lhe “sobreviveram” no vaso físico e também manter os projetos em curso a salvo de qualquer intempérie.
Emmanuel também consigna que o trabalho que teria início – o de apresentação da vida no mundo espiritual – não era inédito, contudo, se revestia da imparidade de traduzir experiências próprias, vividas pelo autor quando de sua reentrada, readaptação e descobertas no mundo espiritual; não se tratava mais de narrativas na terceira pessoa.
As ricas e marcantes experiências vividas pelo autor espiritual, espírito que já acumulara, em sua trajetória evolutiva, grande bagagem intelectual, permitiriam aos encarnados a “legítima compreensão da ordem que preside o esforço dos desencarnados laboriosos e bem-intencionados” quando da vida no mundo espiritual, ainda que estivessem vibrando “nas esferas (…) intimamente ligadas ao planeta”.
Sabiamente alerta o benemérito instrutor para o fato de que muitos de nós encarnados encontraremos motivos de risos “ao contato de determinadas passagens das narrativas”, contudo, adverte: “O inabitual, entretanto, causa surpresa em todos os tempos”.
Emmanuel, portanto, nos alerta que iremos encontrar na obra muitas informações absolutamente novas e que, para ler e bem compreender, é preciso desvestir-se de todos os preconceitos. Reiterando essa observação, compara aquele momento do tempo – idos de 1943 – aos anos anteriores, em que o domínio, pelo homem e pela ciência, da aviação, da eletricidade e da radiofonia, estava no campo das perspectivas.
Sim, é preciso abrir a mente a toda a gama de novas e maravilhosas informações que estão por vir. André Luiz, mais à frente, nas demais obras da coleção “A Vida no Mundo Espiritual” viria nos apresentar uma série de aparelhos que hoje, em 2014, já fazem parte de nosso cotidiano comum: a TV de plasma, o computador portátil, o telefone celular, dentre outros.
Emmanuel nos convida a bem analisar e meditar o que lermos na obra e reporta a perplexidade e a dúvida surgida como sendo um processo natural e justo do aprendiz que ainda não passou pela lição.
Expõe que se aterá “tão somente ao essencial do trabalho”, ou seja, ao que, de fato, é importante destacar na apresentação que faz do livro e do projeto que teria início com a aludida obra. Considerando que a Doutrina Espírita ganhava, a cada dia, mais adeptos e interessados em conhecer os seus princípios e pressupostos, alerta que é preciso tomar o devido cuidado conosco mesmos, de modo a não nos negligenciarmos.
Embora reconheça o crescimento dos adeptos da nova doutrina, Emmanuel nos adverte de que “não basta investigar fenômenos, aderir verbalmente, melhorar a estatística, doutrinar consciências alheias, fazer proselitismo e conquistar favores da opinião, por mais respeitável que seja”. É preciso um mergulho em nós mesmos para bem conhecermos todas as nossas potencialidades e a melhor maneira de aplicá-las “nos serviços do bem”.
Quer dizer Emmanuel, que não basta fazer propaganda da doutrina, engrossar os números daqueles que se autoproclamam espíritas e aderir apenas verbalmente, ou seja, externamente. É preciso vivenciar os ensinamentos recolhidos e, por meio de nossos exemplos, sim, fazer prosélitos.
O benemérito instrutor nos consola, lembrando-nos que somos filhos de Deus e que, em nosso momentâneo exílio no vaso físico, não estamos esquecidos e que a experiência física é bendita oportunidade de evolução espiritual e que as lutas diárias são os meios pelos quais aprenderemos a nos elevar. Conclama-nos a enxergar os obstáculos do caminho como verdadeiras oportunidades de crescimento, de aprendizado e a bem-dizê-los.
Notem a sutileza de Emmanuel. Ele diz: “A luta humana é a sua oportunidade, a sua ferramenta, o seu livro”. Sim, a luta humana é o nosso livro e a nossa ferramenta: o livro de nossas vidas (a vida do espírito) que nós mesmos escrevemos e a ferramenta, aquela que utilizamos para construir o nosso edifício de elevação espiritual!
Consigna ainda que o intercâmbio com o mundo espiritual é tarefa que deve se revestir de todo respeito e recolhimento, pois são, os espíritos, os mensageiros e os prepostos de Jesus investidos da missão de restabelecer a pureza dos ensinamentos que Ele próprio nos legou e que também nós temos responsabilidades e missões a cumprir neste processo de restauração – cada um de nós, seja onde estiver, ocupando a posição que ocupar tem um papel a desempenhar; ninguém é mais ou menos importante: temos missões e responsabilidades distintas, apenas isso; é o somatório de todos os nossos esforços individuais que resultará no progresso coletivo!
Nos chama à reflexão sobre o fato inexorável de que somos, nós mesmos, o tribunal de nossa consciência. A morte carnal nos conduz a um inadiável exame de consciência, ocasião em que colheremos o que semeamos, pois a semeadura é livre e a colheita, obrigatória!
Por derradeiro, nos convida a mirarmos o exemplo do autor espiritual de modo a atalharmos o nosso caminho, sob pena de aumentarmos a sua extensão e nos dá a receita de como fazê-lo, afirmando “que os passos do cristão, em qualquer escola religiosa, devem dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que, em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas, muito mais, de ESPIRITUALIDADE”.
Comentário ao prefácio Novo Amigo, do livro Nosso Lar, por José Márcio de Almeida.
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