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Archive for maio \23\-03:00 2021

O auto de fé em Barcelona

Este ano será lembrado os 160 anos do auto-de-fé em Barcelona.  No dia 9 de outubro de 1861, às 10h30 da manhã, na esplanada da cidade, lugar onde eram executados os criminosos e outros por ordem do bispo dessa cidade, Antonio Palau y Térmens (1857-1862), a Espanha e o mundo assistiram uma cena das mais grotescas: 300 livros e revistas espíritas foram queimados. O chamado auto-de-fé era a cerimônia em que se proclamavam e executavam as sentenças do Tribunal da Inquisição e na qual os sentenciados ou abjuravam os seus erros e heresias ou eram condenados a prisão e torturas. Na época, a Inquisição ainda estava ativa embora sem forças para enviar alguém à fogueira.

Parece inverossímil isso acontecer nessa época, em pleno século XIX, mas devemos lembrar que Portugal e Espanha foram países onde a Inquisição se mostrou mais violenta, irracional e duradoura. Na Espanha principalmente, Tomás de Torquemada (1420-1498) conhecido como “O Grande Inquisidor”, nomeado pelo papa Sixto IV, ficou conhecido como o mais cruel, intolerante e insensato. O número de execuções sob seu mandato é de 2.200, principalmente judeus e muçulmanos acusados de heresia e condenados à fogueira. As obras espíritas chegaram a Espanha através de tramitação legal, com impostos e taxas devidamente pagas por Allan Kardec (1804-1869) e com a documentação correta.

O destinatário era Maurice Lachâtre, intelectual, filósofo, iluminista, escritor e editor francês, estabelecido em Barcelona com uma livraria. Ele havia solicitado a Kardec uma remessa de livros e revistas para vender na Espanha e pagou todos os direitos de entrada dos volumes.

Contudo, quando passava pela alfândega, antes que fossem entregues, uma relação dos títulos foi entregue e confiscada pela igreja local sob ordem do bispo Antonio Palan y Térmens a pretexto da autoridade que lhe era concedida pela Inquisição, pois a liberação de livros competia a autoridade eclesiástica. Dentre as obras apreendidas havia “A Historia de Joana d’Arc” (1412-1431) por ela mesma, psicografada pelo médium Ermance Dufaux. É fácil imaginar a ira que isso causou ao bispo diante do crime cometido contra a virgem de Domrémy pelo bispo de Bauvais, Pierre Cauchon (1371-1442) e vendo que mais tarde em 1456, somente 14 anos depois de sua morte, o papa Calisto III a considerasse inocente, acusada de bruxa, herege, louca e até prostituta. Na época da apreensão das obras de Kardec, a Inquisição ainda estava ativa na Espanha.

Argumentando que as obras apreendidas eram contrárias a fé católica, o bispo Antonio Palan y Térmens, sentenciou que fossem queimadas sem qualquer tipo de indenização aos seus proprietários e sem mesmo isentar o destinatário das taxas alfandegárias, cujo pagamento lhe foi exigido. Pediu-se ao governo espanhol que, uma vez não permitida a circulação dos livros na Espanha, permitisse ao menos reexpedi-los para seu lugar de origem; mas isso foi recusado dando por razão que eram contrario a fé católica e não podiam consentir que esses livros fossem perverter a moral e religião de outros países. O mesmo bispo recusou-se também a reexportar as obras apreendidas, condenando-as a destruição pelo fogo. O prejuízo a Kardec foi imenso. O episódio marcou o resto das arbitrariedades da Igreja da Idade Media. Uma enorme fogueira, lembrando aquelas em que milhares de inocentes perderam a vida, foi erguida na esplanada da cidade. Presentes ao insano ato, um sacerdote empunhando a cruz numa mão e uma tocha na outra, um escrivão encarregado de redigir a ata do auto-da-fé, um ajudante de escrivão, um empregado da administração da alfândega encarregado de alimentar o fogo e um agente da alfândega representando as obras condenadas pelo bispo.

Uma multidão incalculável enchia as calçadas e cobria a imensa esplanada onde se erguia a fogueira. Quando o fogo consumiu os 300 volumes, o sacerdote e seus ajudantes se retiraram cobertos pelas vaias, gritos e maldições de numerosos assistentes que gritavam: abaixo a Inquisição! Em seguida, várias pessoas se aproximaram da fogueira e recolhiam suas cinzas. Um exemplar do ‘Livro dos Espíritos” carbonizado pela metade foi enviado a Kardec que o guardou como lembrança do repugnante espetáculo em pleno século XIX. Na ocasião, manifestou palavras proféticas: “Podem queimar livros, mas não se queimam as idéias; as chamas da fogueira as super-excitam em lugar de abafá-las”. O auto-de-fé de Barcelona acabou por despertar maior interesse pelo espiritismo além de engrossar crescente revolta popular contra as arbitrariedades do Tribunal do Santo Oficio da Igreja Católica. Na época, vários jornais estigmatizaram esse ato retrógrado. Queimar livros e pessoas serviu para cobrir a Igreja de vergonha e  fazer os fiéis debandarem para outras religiões.      

O auto de fé em Barcelona, por Nelson Travnik.

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A primeira encarnação de Chico que se tem notícia foi como o patriarca Isaac (Canaã, 1896 – 1716 a.C.). Isaac foi o único filho de Abraão com sua esposa Sara e foi o pai de Esaú e Jacó. Isaac foi um dos três patriarcas israelitas. Segundo o Livro de Gênesis, Abraão tinha 100 anos quando Isaac nasceu e Sara já havia cessado o período fértil. Isaac morreu quando tinha 180 anos, tornando-se o patriarca de vida mais longeva.

A segunda encarnação foi como Hatshepsut (Antigo Egito, Tebas, 1542 – 1458 a.C.). Hatshepsut foi uma grande rainha-faraó do Antigo Egito. Viveu no começo do século XV a.C., pertencendo à XVIII Dinastia do Reino Novo. O seu reinado, de cerca de vinte e dois anos, corresponde a uma era de prosperidade econômica e um período de grande paz.

A terceira foi como Chams (Antigo Egito, Tânis, por volta de 800 a.C.). Chams era irmã de Ramis e Saiad, e Ramis, o mais velho, tornou-se faraó com a morte do pai. Saiad foi preso pelo seu irmão Ramis e, após uma insurreição, o faraó Ramis foi morto pelo irmão Saiad, mas este ficou ferido e dias depois acabou morrendo. A princesa Chams herdou o título de rainha do Egito e começou para o Egito uma era de paz.

A quarta foi como uma sacerdotisa em Delphos (Grécia, por volta de 600 a.C.). Não se tem registros de qual o nome Chico Xavier recebeu nesta encarnação. Ela se tornou sacerdotisa por causa do tio (Emmanuel reencarnado), que a encaminhou para a sacerdotisação.

A quinta encarnação de Chico foi como o profeta Daniel (Jerusalém, 622 – 550 a.C.). Daniel é um dos vários profetas do Antigo Testamento. A sua vida e profecias estão incluídas na Bíblia no Livro de Daniel. O significado do nome é “Aquele que é julgado por Deus” ou “Deus assim julgou”, ou ainda, “Deus é meu juiz”.

A sexta foi como o filósofo Platão (Atenas, Grécia, 428 – 348 a.C.). A imensa sabedoria de Chico vem de outras vidas. Neste caso, o médium já teria vivido na pele de um dos maiores filósofos da Grécia Antiga: Platão. E faz muito sentido, pois já naquela época Platão tinha ideias muito próximas às do universo espiritualista, como a reencarnação, o mundo das ideias e o mundo das coisas e o rio do esquecimento pelo qual os espíritos passavam antes de nascer novamente.

A sétima encarnação de Chico foi como Allan Kardec, sacerdote druida (Bretanha, por volta de 58 a.C.). Os druidas eram sacerdotes celtas, de uma espiritualidade invejável e inacreditável para a época. O termo druida quer dizer consciência do carvalho, a árvore sagrada dos celtas. Os futuros sacerdotes, escolhidos na classe aristocrática, submetiam-se, desde crianças, a intenso aprendizado junto aos druidas mais velhos. Os druidas não limitavam sua ação à religião, acumulando a função de juízes, professores, médicos, conselheiros militares e guardiões da cultura céltica. Foi baseado na revelação de que ele mesmo, Hippolyte Léon Denizard Rivail, havia sido em uma vida passada esse sacerdote druida, que o codificador do espiritismo escolheu a alcunha de Allan Kardec.

A oitava encarnação foi como João Evangelista (Galileia, ? – 103 d.C.). De volta aos tempos bíblicos, Chico Xavier encarna na Galileia como João Evangelista, um dos doze apóstolos de Jesus e além do Evangelho segundo João, também escreveu as três epístolas de João (1, 2, e 3) e o livro do Apocalipse.

A nona foi como Santo Antão (Alto Egito, 251 – 356 d.C.). Santo Antão do Deserto, também conhecido como Santo Antão do Egito, Santo Antão, o Grande, Santo Antão, o Eremita ou ainda O Pai de Todos os Monges, foi um santo cristão do nascido no Egito, no ano de 251. Antão, conforme revela sua hagiografia, travou uma batalha direta com o demônio durante toda sua vida até o dia de sua morte, quando já estava com 105 anos. Talvez ele seja o santo que mais foi tentado pelo diabo, uma espécie de escolhido das trevas.

A décima foi como São Gastão (França, por volta de 540 d.C.). Gastão, ou Vedastus, como se diz em latim, pertencia a uma família de nobres e era nascido em Limoges, na antiga Gália, atual França. Segundo consta dos registros antigos, ele preferia viver solitário na região de Lorena, onde se dedicava a penitência, oração e a contemplação, até que seu amigo e diretor espiritual o bispo Remígio, de Toul, o ordenou sacerdote e o colocou no trabalho de catequização na diocese local. Gastão, mais tarde, foi sagrado bispo de Arras, ficando encarregado da instrução dos fiéis e da assistência aos pobres, quando então se tornou muito popular. Diz a tradição que tinha não só o dom da palavra, para evangelizar e catequizar, mas também o dom da cura, que teriam sido presenciadas pelos fiéis e peregrinos, e do conselho, que empregava aos que o procuravam desorientados.

A décima primeira encarnação de Chico foi na Família Brissac (França, por volta do século XI d.C.). A família Cossé-Brissac pertenceu à alta-nobreza do final do antigo regime francês, sendo berço de quatro marechais da França, generais, seis cavaleiros do Espírito-Santo, dois governadores de Paris e três bispos. Não é certa a identidade de Chico nesta época, e sabemos pouco sobre essa encarnação, apenas conhecendo o nome da família a qual ele pertenceu.

A décima segunda foi como São Francisco de Assis (Itália, 1182 – 1226 d.C.). Mais uma vez, santo. E este um dos mais conhecidos e queridos da tradição católica, por seus feitos magnânimos com os pobres e com os animais, características que Chico Xavier manteve até sua última encarnação conhecida.

A décima terceira foi como Santa Brígida (Suécia, 1303 – 1373 d.C.). Mais uma vez Chico Xavier teve uma encarnação tão espiritualizada que foi santificado. Desta vez na pele de Santa Brígida, uma religiosa sueca, escritora, teóloga, fundadora de ordem religiosa, padroeira da Suécia e da Europa. Em 23 de julho de 1373, Santa Brígida faleceu aos setenta e um anos e foi canonizada em 7 de outubro de 1391 por Bonifácio IX.

A décima quarta foi como João Huss (República Checa, 1375 a 1415 d.C.). João Huss foi um pensador religioso. Ele iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe, e seus seguidores ficaram conhecidos como os Hussitas. Ele foi executado em 1415 – queimado vivo – e morreu cantando o cântico “Jesus filho de Davi tem misericórdia de mim”. Sua extensa obra escrita concedeu-lhe um importante papel na história literária checa.

A décima quinta encarnação foi como Francisco de Paula (Itália, 1416 – 1507 d.C.). Francisco de Paula foi um eremita, fundador da Ordem dos Mínimos e santo da Igreja Católica. Era também conhecido como “O Eremita da Caridade”, por sua opção de desprezo absoluto pelos valores transitórios da vida e dedicação integral ao socorro do próximo. Consta que num só dia ele atendeu em seu mosteiro mais de trezentas pessoas, necessitadas do espírito e do corpo, e realizou curas inacreditáveis. Era venerado pelos pobres, mas também pelos reis e nobres de seu tempo. Francisco de Paula era um grande exemplo numa época em que prosperavam os abusos eclesiásticos e onde se cultivavam os prazeres materiais da vida. Por isso, era comparado a Francisco de Assis, que havia vivido dois séculos antes.

A décima sexta foi como Padre Manuel de Paiva (Portugal, 1508 – 1584 d.C.). Outra vez envolvido com a igreja, Chico nesta encarnação viveu em Portugal, na cidade de Coimbra, como um padre que da Companhia de Jesus, que começa a ligar Chico ao Brasil. Paiva foi responsável pela primeira missa na cidade de São Paulo, pela fundação de Guarulhos e pela catequese em Vitória.

A décima sétima foi como René Descartes (França, 1596 – 1650 d.C.). Novamente envolvido com o mais refinado pensamento humano, Chico encarnou como Descartes, um dos maiores filósofos da história. Descartes se destacou sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também devido ao seu notável conhecimento matemático e por sugerir a fusão da álgebra com a geometria, o que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que conhecemos hoje por plano cartesiano.

A décima oitava foi como Consuelo Dolores (Barcelona, por volta do século XVIII).Consuelo Dolores tem uma história de vida triste, pois é uma mãe que ficou sem seu filho, raptado ainda na infância. Essa história é incrível: Consuelo quer dizer consolo e Dolores, dor. Mais incrível ainda é que esse menino raptado era encarnação de Waldo Vieira, parceiro de Chico no início de sua vida como médium. Chico revela que foram essa encarnação em especial que lhe permitiu criar empatia pelas mães e pais que o procuravam em desespero, em busca de consolo, após perderem seus filhos. É também uma preparação para a próxima (e mais polêmica) encarnação de Chico Xavier: Allan Kardec. Não por coincidência, Allan Kardec e Amelie, sua esposa, também perderam sua filha Louise.

A décima nona encarnação de Chico Xavier foi como Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) (França, 1804 – 1869 d.C.).Kardec também dispensa apresentações. Hippolyte Léon Denizard Rivail foi um influente educador, autor e tradutor francês, cético, mas que se sensibilizou pelos fenômenos das mesas girantes e da comunicação com os espíritos. Decidiu, então, investigar esse fenômeno usando à ótica da ciência e o resultado foi a codificação da doutrina espírita, um grande marco na espiritualidade humana ocidental.

A vigésima encarnação de Chico foi como Maria Efigênia (Pedro Leopoldo, 1908 d.C.).Chico Xavier encarnou na sua última família dois anos antes de voltar como Chico, no corpo de uma menina chamada Maria Efigênia, filha de sua mãe Maria João de Deus e João Cândido Xavier. Ela viveu apenas 6 meses e faleceu. Esta foi a última encarnação de Chico. Chico Xavier encarnou na sua última família dois anos antes de voltar como Chico, no corpo de uma menina chamada Maria Efigênia, filha de sua mãe Maria João de Deus e João Cândido Xavier. Ela viveu apenas 6 meses e faleceu.

A vigésima primeira encarnação foi como Francisco Cândido Xavier, Chico Xavier (Pedro Leopoldo, 1910 – Uberaba, 2002).

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Diante da lei

Palestra transmitida ao vivo pelo canal do Grupo Espírita Gotas de Luz YouTube em 29 de abril de 2021.

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